Líderes de partidos do centrão, que há pouco tempo cogitavam romper de vez com o Executivo petista para se alinhar à pré-candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) em 2026, agora sinalizam uma redução no ritmo dessa estratégia. Essa guinada reflete as dúvidas quanto à vontade do governador paulista de disputar diretamente contra o presidente Lula no próximo pleito presidencial, somadas às divisões na direita sobre o nome a ser lançado contra o petista – especialmente com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) pesando no cenário.
Nos últimos três meses, o governo Lula tem surfado uma sequência incomum de avanços políticos, que atingiu o ápice com um gesto positivo do presidente norte-americano Donald Trump. Após um período de duras críticas ao Brasil e imposição de sanções econômicas ao país e a figuras locais, Trump destacou em discurso na Assembleia-Geral da ONU, na terça-feira (23), uma "excelente química" com o líder brasileiro. Os dois trocaram cumprimentos rápidos entre suas falas e agendaram uma conversa para a próxima semana, o que reforça a percepção de um momento de recuperação para o Planalto.
Essa conjuntura positiva tem aberto portas para que aliados do presidente busquem expandir parcerias regionais com o centro político, especialmente nos palanques estaduais para as eleições de 2026. Até vozes do PP e do União Brasil, que antes pressionavam pelo rompimento imediato, iniciaram uma reflexão sobre o timing da decisão.Um aliado próximo a Arthur Lira, presidente da Câmara e figura central no centrão, como o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA), defendeu que o bloco "não transmite mais uma ideia pejorativa e é sinônimo de ponderação em um ambiente político polarizado".
Dois parlamentares de peso no centrão confirmam a alteração no clima, mas alertam que se trata de um retrato instantâneo: "até as eleições muitas coisas podem acontecer". Um deles evoca que, dois meses atrás, Lula enfrentava uma fase de fraqueza política acentuada. Hoje, as pesquisas o apontam como frontrunner para a reeleição, embora reviravoltas não sejam impossíveis.Ainda assim, o Planalto segue com desafios no Legislativo, onde pautas de interesse federal tramitam em um ambiente hostil. Um deputado da cúpula da Câmara observa que o governo capitaliza "os bons ventos" recentes, mas o quadro geral no Congresso permanece complicado para o Executivo, com a esquerda em minoria.
Segundo um integrante do governo, "nenhum movimento em reação ao desembarque será feito de cabeça quente". Auxiliares de Lula minimizam o impacto imediato do possível rompimento, destacando divisões internas nos partidos do centrão – grupos pró-Planalto coexistem com facções oposicionistas. O presidente, em conversas recentes, recordou vitórias eleitorais passadas com coligações enxutas, como em 2002 com apenas cinco legendas, contrastando com a coalizão de nove em 2022, sem presença do centrão.
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