Partido Liberal mobiliza deputados por alteração legislativa que protege Eduardo Bolsonaro de acusação de interferência judicial

Proposta visa excluir críticas e ações políticas da definição de obstrução de Justiça, em meio a denúncias contra o deputado no STF
Por: Brado Jornal 02.out.2025 às 11h04
Partido Liberal mobiliza deputados por alteração legislativa que protege Eduardo Bolsonaro de acusação de interferência judicial
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
O Partido Liberal (PL) intensifica articulações na Câmara dos Deputados para coletar assinaturas em uma emenda que busca excluir manifestações políticas, jornalísticas e parlamentares do enquadramento como crime de obstrução de Justiça. A iniciativa, liderada pelo deputado Capitão Alden (PL-BA), surge como resposta direta à denúncia recente contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de tentar influenciar julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de contatos com autoridades estrangeiras.

A emenda altera o texto do Código Penal e estabelece que “não constitui crime de obstrução de Justiça a manifestação crítica, a atividade jornalística, a atuação parlamentar ou qualquer outra forma legítima de exercício da liberdade de expressão”. Alden, que já conta com o apoio integral da bancada do PL (88 deputados), incluindo o líder Sóstenes Cavalcante (RJ), estima alcançar as 103 assinaturas necessárias para viabilizar a proposta. “Estamos buscando apoio de outros partidos, creio que vamos conseguir [alcançar 103 assinaturas]”, afirmou o deputado à imprensa.

Embora Alden negue que a medida beneficie exclusivamente Eduardo, o contexto aponta para o deputado paulista, denunciado ao lado do blogueiro Paulo Figueiredo pelo procurador-geral Paulo Gonet. A PGR alega que os dois articularam pressões junto ao governo dos EUA, invocando a Lei Magnitsky – que prevê sanções contra violações de direitos humanos –, para interferir nos processos contra Jair Bolsonaro relacionados à trama golpista de 8 de janeiro de 2023. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, criticou Eduardo por dificultar notificações judiciais, enquanto o deputado reside nos EUA desde março, liderando ações contra autoridades brasileiras em busca de anistia para o pai.

“O STF tem usado essa argumentação de obstrução de Justiça para pegar os bolsonaristas e qualquer pessoa que tenha pedido apoio e ajuda internacional, de organismos ou mesmo da imprensa internacional”, criticou Alden, acusando o governo Lula (PT) de instrumentalizar a lei para enquadrar opositores. Ele comparou a situação à estratégia da esquerda, que recorreu a entidades internacionais durante a prisão de Lula e o impeachment de Dilma Rousseff (PT), sem sofrer represálias semelhantes. “Não é só o Eduardo, mas todos que estão defendendo a Lei Magnitsky e defendendo sanções estão sendo enquadrados como violadores da pátria”, defendeu Alden.

A emenda integra discussões mais amplas na oposição e no Centrão sobre projetos de anistia que poderiam restaurar a elegibilidade de Jair Bolsonaro para 2026 e perdoar envolvidos em atos antidemocráticos, incluindo ofensas em redes sociais e apoio a protestos. No entanto, tais propostas enfrentam resistência no STF, considerado inconstitucional por especialistas. O PL vê na manobra uma forma de apaziguar tensões internas, como as críticas de Eduardo a Valdemar Costa Neto, presidente da sigla, e ameaças de saída do partido caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) seja indicado como candidato presidencial. Líderes como Sóstenes atuam como mediadores para manter a coesão da bancada.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Michelle Bolsonaro reclama da redução no tempo de visita ao marido preso na PF
Ex-primeira-dama compara os 30 minutos de hoje com as duas horas da visita anterior e diz confiar no controle divino
Cármen Lúcia explica negativa a novos habeas corpus em favor de Bolsonaro
Ministra destaca que recursos repetitivos não mudam decisões já tomadas pelo STF
Procuradoria-Geral da República defende prisão domiciliar humanitária para Augusto Heleno
PGR considera idade avançada e Alzheimer do general suficientes para flexibilizar regime fechado
Grupo refit sonega r$ 350 milhões mensais em impostos em são paulo, revela tarcísio de freitas
Esquema de fraudes no mercado de combustíveis gera rombo de r$ 9,6 bilhões ao tesouro estadual, equivalente à perda de um hospital público médio todo mês para a sociedade paulista
João Roma, Guga Lima e Ronaldo Vieira Bento: entenda o relacionamento de políticos com os banqueiros dos Bancos Master e Pleno
O elo institucional mais direto aparece na diretoria do Banco Pleno, de propriedade de Augusto Lima. Um dos diretores é Ronaldo Vieira Bento, ex-ministro e aliado de Roma.
STJ rejeita habeas corpus e mantém banqueiro Augusto Lima preso
Decisão monocrática de Herman Benjamin impede análise do mérito por causa da Súmula 691
Carregando..