A rejeição da Medida Provisória (MP) que visava elevar a arrecadação federal em 2026, ano eleitoral, obrigou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a adotar medidas drásticas para equilibrar as contas públicas. O Palácio do Planalto anunciou o bloqueio de cerca de R$ 10 bilhões em emendas parlamentares, recursos essenciais para demandas locais dos congressistas, como forma de compensar o déficit estimado em R$ 17 bilhões causado pela derrubada da proposta no Congresso Nacional.
Essa decisão surge em um contexto de tensão crescente entre o Executivo e o Legislativo, agravada pela estratégia do Partido dos Trabalhadores (PT) de mobilizar a opinião pública por meio de redes sociais. Em resposta ao que considera uma proteção aos interesses dos mais abastados, o PT decidiu expandir a campanha conhecida como "taxação BBB" que mira bilionários, bancos e empresas de apostas online (bets), revivendo o antigo slogan "Congresso inimigo do povo". A iniciativa busca pressionar por uma tributação mais progressiva, direcionando os recursos para isentar do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil mensais e ampliar programas sociais.
Ministros petistas, em conversas reservadas, avaliaram que o episódio ecoa o ocorrido no mês anterior, quando protestos de rua forçaram o Senado a arquivar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, vista como um escudo aos privilégios parlamentares. "É jogar contra o Brasil", criticou o presidente Lula, ao defender que a votação contrária à MP beneficiou os mais ricos em detrimento da população vulnerável, que depende de ações financiadas pela União.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), confirmou a intenção de contingenciar o orçamento, projetando um corte entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões especificamente nas emendas. "Se a MP não for aprovada, a consequência será o contingenciamento imediato do Orçamento público", alertou ele, destacando o impacto nas bases eleitorais dos parlamentares.
Do lado oposicionista, a reação foi imediata. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), classificou as ameaças como ineficazes e acusou o governo de instabilidade. "Este governo está à deriva. Ameaçou tirar cargos, agora fala em cortar emendas, mas a verdade é que o Brasil não aguenta mais pagar impostos", insistiu Sóstenes.
A estratégia digital do PT ganha tração em um momento pré-eleitoral, com o partido convocando militantes e influenciadores para disseminar a ideia de "justiça tributária". Como no caso recente da derrubada do decreto do IOF, o Planalto planeja expor nas redes os nomes dos deputados que se opuserem à taxação de "ricos e bets", repetindo táticas que, segundo aliados, têm elevado a popularidade do discurso progressista. Essa ofensiva ideológica, no entanto, arrisca aprofundar o racha com o Congresso, mesmo enquanto o governo busca manter canais de diálogo para aprovar pautas como a isenção do IR para rendas baixas uma bandeira central da campanha de Lula.
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