Planalto planeja contingenciar R$ 10 bilhões em emendas e petistas ampliam ofensiva digital contra desigualdade tributária

Após revés na MP do IOF, governo reage com cortes orçamentários e retoma narrativa de taxação aos super-ricos para financiar benefícios aos de baixa renda
Por: Brado Jornal 09.out.2025 às 10h50
Planalto planeja contingenciar R$ 10 bilhões em emendas e petistas ampliam ofensiva digital contra desigualdade tributária
Foto: Ricardo Stuckert
A rejeição da Medida Provisória (MP) que visava elevar a arrecadação federal em 2026, ano eleitoral, obrigou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a adotar medidas drásticas para equilibrar as contas públicas. O Palácio do Planalto anunciou o bloqueio de cerca de R$ 10 bilhões em emendas parlamentares, recursos essenciais para demandas locais dos congressistas, como forma de compensar o déficit estimado em R$ 17 bilhões causado pela derrubada da proposta no Congresso Nacional.

Essa decisão surge em um contexto de tensão crescente entre o Executivo e o Legislativo, agravada pela estratégia do Partido dos Trabalhadores (PT) de mobilizar a opinião pública por meio de redes sociais. Em resposta ao que considera uma proteção aos interesses dos mais abastados, o PT decidiu expandir a campanha conhecida como "taxação BBB" que mira bilionários, bancos e empresas de apostas online (bets), revivendo o antigo slogan "Congresso inimigo do povo". A iniciativa busca pressionar por uma tributação mais progressiva, direcionando os recursos para isentar do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil mensais e ampliar programas sociais.

Ministros petistas, em conversas reservadas, avaliaram que o episódio ecoa o ocorrido no mês anterior, quando protestos de rua forçaram o Senado a arquivar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, vista como um escudo aos privilégios parlamentares. "É jogar contra o Brasil", criticou o presidente Lula, ao defender que a votação contrária à MP beneficiou os mais ricos em detrimento da população vulnerável, que depende de ações financiadas pela União.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), confirmou a intenção de contingenciar o orçamento, projetando um corte entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões especificamente nas emendas. "Se a MP não for aprovada, a consequência será o contingenciamento imediato do Orçamento público", alertou ele, destacando o impacto nas bases eleitorais dos parlamentares.

Do lado oposicionista, a reação foi imediata. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), classificou as ameaças como ineficazes e acusou o governo de instabilidade. "Este governo está à deriva. Ameaçou tirar cargos, agora fala em cortar emendas, mas a verdade é que o Brasil não aguenta mais pagar impostos", insistiu Sóstenes.

A estratégia digital do PT ganha tração em um momento pré-eleitoral, com o partido convocando militantes e influenciadores para disseminar a ideia de "justiça tributária". Como no caso recente da derrubada do decreto do IOF, o Planalto planeja expor nas redes os nomes dos deputados que se opuserem à taxação de "ricos e bets", repetindo táticas que, segundo aliados, têm elevado a popularidade do discurso progressista. Essa ofensiva ideológica, no entanto, arrisca aprofundar o racha com o Congresso, mesmo enquanto o governo busca manter canais de diálogo para aprovar pautas como a isenção do IR para rendas baixas uma bandeira central da campanha de Lula.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Cármen Lúcia explica negativa a novos habeas corpus em favor de Bolsonaro
Ministra destaca que recursos repetitivos não mudam decisões já tomadas pelo STF
STJ rejeita habeas corpus e mantém banqueiro Augusto Lima preso
Decisão monocrática de Herman Benjamin impede análise do mérito por causa da Súmula 691
Michelle Bolsonaro reclama da redução no tempo de visita ao marido preso na PF
Ex-primeira-dama compara os 30 minutos de hoje com as duas horas da visita anterior e diz confiar no controle divino
Lula sugere redução de jornada e isenção de IR sobre bônus
Em evento de sanção da reforma tributária, presidente critica regras antigas da CLT e defende atualizações para o contexto digital
Congresso derruba vetos de Lula à Lei do Licenciamento Ambiental com apoio maciço da base aliada
Aliados do governo contribuem para derrota ao votar contra posição oficial do Planalto
Procuradoria-Geral da República defende prisão domiciliar humanitária para Augusto Heleno
PGR considera idade avançada e Alzheimer do general suficientes para flexibilizar regime fechado
Carregando..