O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, mantiveram nesta segunda-feira (13) uma audiência inédita com o papa Leão XIV, no Palácio Apostólico do Vaticano. A reunião, agendada para as 8h15 no horário local, marcou o primeiro contato direto entre o líder brasileiro e o pontífice norte-americano, que assumiu o cargo em maio como sucessor de Francisco, falecido em abril após complicações de saúde.Ao lado do casal presidencial, compuseram a delegação brasileira os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. Também estiveram presentes a senadora Ana Paula Lobato (PDT-MA), a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Everton Vieira. A articulação para o encontro envolveu contatos recentes do Itamaraty com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, incluindo duas ligações telefônicas na semana anterior.
Durante a conversa, que durou cerca de 30 minutos em ambiente reservado, os temas centrais giraram em torno de fé, religião e os grandes obstáculos mundiais, como pobreza e fome. Lula destacou a participação brasileira na Semana Mundial da Alimentação da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), sediada em Roma, e celebrou os avanços nacionais no setor. "Falei ao Papa sobre minha participação hoje no encontro da FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura] e como em 2 anos e meio tiramos pela 2ª vez o Brasil do Mapa da Fome. E, agora, estamos levando este debate para o mundo por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza", registrou o presidente em postagem no X (antigo Twitter).
O presidente parabenizou o papa pela recente exortação apostólica "Dilexi Te", que alerta para as múltiplas faces da desigualdade e da miséria global, alinhando-se à bandeira brasileira de erradicação da fome. Lula estendeu ainda um convite formal para que Leão XIV participe da COP 30, marcada para novembro em Belém (PA), enfatizando o papel da Igreja na agenda ambiental. Segundo relatos, o pontífice expressou interesse em visitar o Brasil futuramente, mas justificou ausência na cúpula pelo calendário do Jubileu, prometendo enviar um enviado do Vaticano. "Ficamos muito felizes em saber que sua Santidade pretende visitar o Brasil no momento oportuno. Será muito bem recebido, com o carinho, o acolhimento e a fé do povo brasileiro. Lembrei que ontem tivemos uma demonstração imensa dessa fé no Círio de Nazaré e nas comemorações do Dia de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil", complementou Lula na mesma publicação.
Essa interação representa o quarto papa recebido por Lula ao longo de sua carreira política, seguindo encontros com João Paulo II (em 1980, no Brasil), Bento XVI (em 2007, no Vaticano) e Francisco (em 2020 e 2023). A viagem de Lula a Roma ocorre em paralelo à abertura do Fórum Mundial da Alimentação, pelos 80 anos da FAO, e à instalação da sede do secretariado da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada no G20 de 2024 sob presidência brasileira. O diálogo reforça a parceria estratégica entre Brasil e Santa Sé em prol de justiça social, paz e sustentabilidade, em meio a eventos como a recente posse de Leão XIV e sua ênfase inicial em temas humanitários.
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