Em meio às tensões diplomáticas com os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou uma forma leve e sarcástica de comentar as movimentações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Nas reuniões reservadas com assessores no Palácio do Planalto, Lula passou a se referir ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro como “meu camisa 10”. A expressão, emprestada do universo do futebol para designar o principal armador de jogadas de um time, carrega uma dose de humor ácido: ela destaca como as tentativas de Eduardo de pressionar o governo Donald Trump por sanções econômicas contra o Brasil acabaram, involuntariamente, beneficiando a popularidade do petista nas pesquisas recentes.
O episódio ganhou tração após Eduardo, conhecido como "03" na família Bolsonaro, intensificar contatos em Washington para defender a aplicação da Lei Magnitsky contra autoridades do Judiciário brasileiro. Essa articulação resultou em tarifas sobre produtos nacionais, como aço e alumínio, que geraram um "tarifaço" sentido por setores da economia. No entanto, longe de enfraquecer Lula, a medida provocou uma reação nacionalista da população, com grande rejeição às interferências externas. Auxiliares do presidente atribuem a essa percepção um "vale gás" na aprovação, elevando as intenções de voto para 2026 e consolidando o petista como figura central no espectro político.
Enquanto isso, as ações de Eduardo expuseram fissuras na oposição de direita. O deputado tem criticado abertamente aliados como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e líderes partidários como Valdemar Costa Neto (PL) e Ciro Nogueira (PP). Em uma declaração polêmica, ele afirmou que poderia concorrer à Presidência em 2026 mesmo sem o aval do pai, caso a direita opte por outro nome. Essa postura alimentou brigas públicas, como as trocas de farpas entre Nogueira e o pré-candidato Ronaldo Caiado (União Brasil), criando um vácuo que Lula explora para avançar pautas populares.
Sem concorrentes expressivos à esquerda, o governo foca em iniciativas que reforçam sua base, como a isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil mensais e a expansão da gratuidade na conta de energia para famílias de baixa renda. Essas medidas, anunciadas na reta final do mandato, visam não só mitigar impactos econômicos das sanções, mas também pavimentar o caminho para a reeleição. No Planalto, a avaliação é otimista: a fragmentação adversária, somada ao "efeito rebote" das tarifas americanas, posiciona Lula de forma mais sólida do que há meses.
A redução recente nos ataques de Eduardo, possivelmente uma tática para lidar com um processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, não altera o cenário. O bolsonarismo raiz assiste à implosão interna, enquanto o presidente ironiza o "craque" que, sem querer, marcou um gol contra.
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