Canal direto entre chanceleres brasileiros e americanos avança negociações sobre tarifas

Avanço diplomático em Washington sinaliza reaproximação bilateral
Por: Brado Jornal 17.out.2025 às 10h36
Canal direto entre chanceleres brasileiros e americanos avança negociações sobre tarifas
Foto: Embaixada do Brasil
Em Washington, nesta quinta-feira (16), o chefe da diplomacia brasileira, Mauro Vieira, e o titular do Departamento de Estado norte-americano, Marco Rubio, estabeleceram um contato direto ao trocar números de telefone, seguindo o modelo adotado pelos líderes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump. A medida surge como parte de esforços para amenizar tensões comerciais recentes entre Brasil e Estados Unidos.

O diálogo, que se estendeu por mais de uma hora na Casa Branca, incluiu uma sessão privada de aproximadamente 20 minutos, seguida de discussões ampliadas com participação de auxiliares. De acordo com relatos obtidos pela TV Globo e g1, as conversas priorizaram o intercâmbio comercial bilateral e as demandas brasileiras por alterações nas tarifas de 50% sobre importações de produtos nacionais, além da análise de penalidades aplicadas a figuras públicas do país.

As delegações acordaram um plano de ação para as tratativas, com a marcação de uma sessão técnica inicial entre especialistas brasileiros e autoridades dos EUA prevista para ocorrer virtualmente nos dias seguintes. O encontro também contou com a presença de Jamieson Greer, representante comercial americano, e versou sobre assuntos pendentes nas relações entre as nações, incluindo autonomia regulatória e efeitos de inovações como o PIX.

Em comunicado oficial divulgado logo após o término, Marco Rubio descreveu o diálogo como “muito positiva”. O texto conjunto reforça o compromisso mútuo em sustentar as trocas e preparar uma cúpula face a face entre Trump e Lula “na primeira oportunidade possível”. Inicialmente, especulava-se com a Malásia, no final de outubro, durante a cúpula da Asean, mas o chanceler Vieira ponderou que “dependerá de coincidirem datas. Precisa ser estudado e preparado”.

Essa iniciativa ocorre dez dias depois da chamada telefônica entre Lula e Trump, em 6 de outubro, que durou cerca de 30 minutos e tratou de questões econômicas, com ênfase nas tarifas. Na ocasião, o governo americano designou Rubio para coordenar as discussões sobre as medidas impostas em agosto, após anúncio de Trump em julho, motivado por alegações de condutas comerciais injustas e interferências no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante entrevista coletiva, Mauro Vieira destacou o tom favorável da interação, afirmando que a reunião exibiu “uma atitude construtiva”. Ele acrescentou que o intercâmbio com Rubio representa o começo de “um processo auspicioso” rumo à anulação das tarifas. “Durante todo o encontro, prevaleceu uma atitude construtiva, voltada aos pontos da retomada das negociações entre os dois países, em sintonia e com boa química, o que foi decidido, sobretudo, no telefonema recente entre os presidentes Lula e Trump”, declarou o ministro. Vieira reiterou a solicitação brasileira por uma revisão das tarifas e sanções, transmitida por Lula a Trump, e classificou o debate como “muito produtiva”, embora sem avanços imediatos nas medidas.

A melhora nas interações remonta ao breve diálogo nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, em Nova York, que dissipou atritos acumulados. Em pronunciamento recente, Lula brincou sobre a afinidade com Trump, dizendo que “não foi química, foi uma indústria petroquímica”, ao confirmar a agenda de Vieira com Rubio. Posteriormente, Trump expressou intenção de ir ao Brasil em breve, referindo-se a Lula como “bom homem” e prevendo pactos comerciais. No mesmo dia da ligação, o governo brasileiro divulgou que os presidentes trocaram contatos pessoais para “estabelecer via direta de comunicação”. Lula, em conversa exclusiva à TV Mirante, explicou que a proposta veio dele, enfatizando que “ele e Trump trocaram telefones pessoais” e que “não precisam de intermediário para fazer coisas boas para o Brasil e para os Estados Unidos”.

A crise diplomática se intensificou em julho, com as tarifas entrando em vigor no início de agosto, afetando exportações e gerando sanções financeiras e consulares a autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Apesar do tarifaço, registros indicam recordes de movimentação em portos brasileiros, sugerindo resiliência no fluxo comercial. Especialistas veem o atual momento como um esforço de reequilíbrio, com o diálogo de alto nível entre Vieira e Rubio o primeiro desde a posse de Trump em janeiro pavimentando novas rotas para normalização e expansão das parcerias bilaterais.


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