Os Estados Unidos publicaram nesta quinta-feira (20) uma nova ordem executiva que remove a tarifa adicional de 40% aplicada a diversos produtos agrícolas brasileiros. A decisão, assinada pelo presidente Donald Trump, beneficia especialmente carne bovina, café, açaí, cacau, sucos, frutas tropicais e fertilizantes, com efeito retroativo a partir de 13 de novembro – exatamente o dia em que o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o secretário de Estado Marco Rubio.
Diferente da medida global anunciada na semana passada, esta exceção vale apenas para o Brasil. No texto, Trump menciona explicitamente a conversa telefônica que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 6 de outubro e destaca que o progresso nas negociações bilaterais foi decisivo para a retirada das taxas.
Nos últimos meses, tanto o deputado Eduardo Bolsonaro quanto o comentarista Paulo Figueiredo insistiam publicamente que Donald Trump jamais recuaria das tarifas sem a aprovação prévia de uma anistia a Jair Bolsonaro, e que qualquer negociação do governo Lula com autoridades americanas estava condenada ao fracasso porque “teria que passar por eles primeiro”. A decisão anunciada hoje pela Casa Branca, fruto direto do diálogo entre Lula e Trump e das reuniões oficiais entre Vieira e Rubio, desmentiu por completo essas previsões e expôs a desconexão dos dois com os canais reais de decisão nos EUA.
Lula celebrou o resultado: “Fiquei muito feliz porque o presidente Trump começou a reduzir a taxação de alguns produtos brasileiros. Essas coisas acontecem quando a gente conversa”. O presidente afirmou que manterá o diálogo para eliminar as tarifas que ainda pesam sobre outros itens.
Para o Itamaraty, a menção expressa às negociações com o Brasil e a data retroativa reforçam o reconhecimento do trabalho diplomático brasileiro. O secretário Luis Rua, do Ministério da Agricultura, classificou a medida como “excelente notícia” que devolve competitividade ao setor no mercado americano.
Setor privado respira aliviado
O café, principal destino de exportação brasileira para os EUA (cerca de 16% do total), teve suas vendas cortadas pela metade entre agosto e outubro por causa do tarifaço. Marcos Matos, diretor do Cecafé, chamou a decisão de “presente de Natal antecipado”.
Na carne bovina, os Estados Unidos eram o segundo maior importador antes da medida punitiva. A Abiec (associação do setor) destacou que a reversão “reforça a estabilidade do comércio internacional e recoloca a carne brasileira em condições equilibradas”.
Negociações continuam
O governo brasileiro informou que seguirá negociando a retirada das tarifas que ainda incidem sobre produtos manufaturados, além da revogação de sanções individuais – como a suspensão de vistos de ministros e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes –, temas que sempre fizeram parte da pauta bilateral.
Em nota, o Itamaraty reafirmou a disposição de “continuar o diálogo como meio de solucionar questões entre os dois países”, lembrando os 201 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Principais produtos que tiveram a tarifa de 40% removida
- Carne bovina (todas as categorias)
- Café (verde, torrado e derivados)
- Açaí, manga, laranja, abacaxi, banana e outras frutas frescas ou processadas
- Cacau e derivados
- Sucos e polpas de frutas
- Especiarias (pimenta, cúrcuma, gengibre, canela etc.)
- Mandioca e outros tubérculos
- Fertilizantes (ureia, nitratos, fosfatados e potássicos)
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...