A administração Lula trabalha nos bastidores para atrasar a sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de conquistar mais votos e impedir uma derrota considerada histórica para o Planalto no Senado.
A principal barreira ao plano governista é o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), que resiste ao adiamento. Alcolumbre defendia a nomeação de seu aliado político, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a cadeira deixada por Luís Roberto Barroso em outubro.
A tática do governo para ganhar tempo consiste em não encaminhar ao Senado a mensagem presidencial que formaliza oficialmente a indicação de Messias. Até o momento, o ato foi publicado no Diário Oficial da União não foi enviado à Casa legislativa só após esse envio a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e o plenário podem marcar a sabatina.
“Em algum momento Lula e Davi vão conversar para discutir melhor momento para enviar a mensagem. Pode ser antes ou pode ser depois do dia 10. Sabatina só pode acontecer após o envio da mensagem”, afirmou o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).
Aliados de Jorge Messias reconhecem que o calendário está apertado para angariar apoio suficiente. O indicado tem feito visitas intensas aos gabinetes senadores e, na noite de quarta-feira (26), chegou a abordar o senador Angelo Coronel (PSD-BA) no estacionamento do Senado após um dia inteiro de articulações.
O cenário de votos ainda é desfavorável. Messias não tem garantidos os 41 votos necessários para aprovação. Até agora, segundo aliados, o apoio está assegurado apenas nas bancadas do PT, PSB e PDT. A prioridade imediata é conquistar PSD, MDB e União Brasil.
A CNN apurou que até figuras da direita com bom trânsito no STF aconselharam o indicado a insistir no adiamento, pois o tempo extra seria essencial para reduzir resistências enquanto o Palácio do Planalto tenta superar o desgaste com Davi Alcolumbre.
Além da posição firme do presidente do Senado, parlamentares apontam outro fator que inflama a oposição: a prisão em regime fechado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado, motiva setores contrários ao governo a impor uma derrota simbólica ao Planalto.
Presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA) evitou cravar se haverá adiamento da votação:
“Acho que não vai adiar. Não, não sei de nada. Eu não posso dizer que vai adiar nada, porque eu não sou presidente do Senado. Se chegar a mensagem e ele também encontrar uma saída, se conversar com alguém do governo, eu não posso achar nada.”
Otto Alencar revelou ainda que Alcolumbre pretendia realizar a sabatina já no dia 3 de dezembro, mas ele próprio sugeriu mais uma semana de prazo, levando a data para 10 de dezembro.“O Jorge Messias achou o tempo curto. Então ele pode ter conversado com o Lula e encontrar um espaço maior”, completou o presidente da CCJ.
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