Em meio à solenidade de aprovação da atualização do Imposto de Renda no Palácio do Planalto, realizada na quarta-feira (26.nov.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou indicações adicionais para alterações na norma trabalhista e no tratamento fiscal de ganhos elevados. O ato destacou a necessidade de modernizar normas laborais e corrigir desigualdades na cobrança de impostos sobre verbas extras.
Lula enfatizou que as normas vigentes, datadas de mais de 80 anos, não se alinham às dinâmicas produtivas contemporâneas, citando especificamente o regime de seis dias por um de folga e as horas semanais definidas na CLT. “A gente não pode continuar com a mesma jornada de trabalho de 1943. Não é possível. Os métodos são outros. A inteligência foi aprimorada. Essa revolução digital mudou a lógica, inclusive, da produção”, declarou. Ele recordou episódios dos anos 1980 em indústrias, quando se opunha à automação: “O trabalhador foi desempregado. Ele foi morar em favela porque ele não podia pagar aluguel. Ou seja, porque quanto mais tecnologia, menos gente você precisa”.
A reforma do IR, que passa a valer em janeiro de 2026, prevê isenção total para faixas salariais até R$ 5.000 mensais e alíquota reduzida entre R$ 5.000 e R$ 7.350. Além disso, cria o Imposto de Renda Mínimo, com taxa mínima de 10% sobre rendas anuais acima de R$ 1,2 milhão, afetando cerca de 140 mil declarantes com valores anuais superiores a R$ 600 mil, via complemento se o imposto pago for abaixo de 2,5%.
Nesse cenário, o presidente questionou a incidência de IR sobre a PLR acima de R$ 8.214, considerando-a uma distorção. “Eu recebo dividendos e não pago nada de Imposto de Renda. Agora, eu trabalho que nem um desgraçado, vou ter R$ 10.000 de participação nos lucros, e vou ter que pagar imposto de renda”, criticou. Lula admitiu que a isenção total da PLR geraria ônus aos cofres públicos, mas defendeu a medida como forma de equidade. O deputado Arthur Lira (PP-AL), responsável pela relatoria na Câmara, indicou que ajustes nessa área poderiam ser discutidos em futuro governo: “O tamanho do problema do impacto a gente teria que trabalhar (…) talvez até num próximo mandato que vossa excelência possa concorrer”.
Ao final de sua fala, Lula relativizou os efeitos da reforma aprovada: “Não é que vai salvar a humanidade brasileira, não é que o pobre vai deixar de ser pobre, vai continuar pobre”. Ele qualificou o momento como “simbólico” e exortou as entidades sindicais a manterem a mobilização: “É importante o sindicalista aqui lembrar que não parem de brigar, não parem de cobrar não”.
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