O cancelamento da sabatina de Jorge Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, anunciado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ocorreu logo após intensas negociações políticas lideradas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa decisão, tomada nesta terça-feira (2.dez.2025), permite ao Palácio do Planalto estender o prazo para conquistar apoios necessários à aprovação do indicado para uma das 11 vagas no Supremo Tribunal Federal (STF), o terceiro nome sugerido pelo petista para a Corte.
De acordo com levantamento exclusivo do Poder360, Messias já conta com pelo menos 10 votos assegurados na CCJ, onde são exigidos 14 para prosseguir ao plenário instância em que precisará de no mínimo 41 dos 81 senadores para ser confirmado. A manobra estratégica do governo envolve a retenção da documentação oficial na Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil, mesmo com os papéis prontos, o que pode postergar o processo para o início de 2026, evitando pressões imediatas.
A articulação ganhou força na segunda-feira (1º.dez), quando Lula se encontrou com o senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação, em um almoço que marcou o primeiro passo direto do presidente nessa mobilização. Rocha, aliado de Alcolumbre, destacou que o petista planeja um novo diálogo com o presidente do Senado ainda esta semana, após retornar de compromissos no Nordeste. Nesse momento, Lula pretende entregar pessoalmente a carta formal de indicação e reforçar o apoio ao nome de Messias, atual advogado-geral da União.
Alcolumbre justificou o adiamento alegando a ausência de uma mensagem oficial do Executivo sobre a nomeação, apesar da publicação no Diário Oficial da União em 20 de novembro. Em comunicado oficial, ele qualificou a falha como “grave e sem precedentes” e uma “interferência no cronograma da sabatina”. A sessão, originalmente agendada para 10 de dezembro, foi suspensa por esse motivo, beneficiando indiretamente o governo ao conceder mais tempo para negociações.
A escolha de Messias, no entanto, enfrenta resistências no Congresso, especialmente de senadores insatisfeitos com sua atuação na Advocacia-Geral da União (AGU). Críticos apontam o apoio do indicado à decisão do ministro Flávio Dino, do STF, que suspendeu a liberação de emendas parlamentares de relator impositivas. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) criticou abertamente: “colhendo os resultados da desconfiança” após Messias endossar o bloqueio de recursos.
Alcolumbre, por sua vez, teria expressado preferência pelo nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para preencher a vaga aberta pelo ministro Luís Roberto Barroso, o que evidencia tensões internas na relação entre Executivo e Legislativo. Apesar disso, aliados como Rocha seguem trabalhando pela aprovação, apostando que o prazo estendido permitirá uma tramitação mais tranquila na CCJ e no plenário.
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