Ação policial bloqueia 49 postos de combustível em ligação com lavagem de R$ 5 bilhões pelo PCC

Esquema de fraude e ocultação de recursos ilícitos atinge Piauí, Maranhão e Tocantins
Por: Brado Jornal 05.nov.2025 às 10h56
Ação policial bloqueia 49 postos de combustível em ligação com lavagem de R$ 5 bilhões pelo PCC
Polícia Civil do Piauí
Nesta quarta-feira (5), autoridades policiais e do Ministério Público do Piauí executaram mandados judiciais para bloquear 49 postos de abastecimento em municípios dos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins, conforme apuração que liga o Primeiro Comando da Capital (PCC) a um vasto esquema de lavagem de dinheiro. A operação, denominada Carbono Oculto 86, identificou transações financeiras irregulares totalizando R$ 5 bilhões, com foco em estruturas fictícias que permitiam a integração de verbas criminosas ao setor de combustíveis.

A apuração, conduzida pela Polícia Civil do Piauí em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), revelou que o grupo criminoso empregava uma rede sofisticada de firmas fantasmas, plataformas de investimento e instituições financeiras digitais para processar ganhos ilícitos, manipular o comércio de derivados de petróleo e esconder bens de origem duvidosa. No Piauí, os alvos incluem estabelecimentos em Teresina (16 unidades), Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira. No Maranhão, as interdições ocorreram em Peritoró, Caxias, Alto Alegre do Maranhão e São Raimundo das Mangabeiras. Já no Tocantins, o foco foi em São Miguel do Tocantins.

Além das bloqueios, a ação envolveu 17 ordens de busca e apreensão direcionadas a suspeitos nos estados mencionados e em São Paulo, onde reside o núcleo principal do esquema. Os investigadores destacam a existência de fraudes fiscais, como a emissão de documentos comerciais falsos e a venda de produtos adulterados, além de transferências de valores elevados incluindo uma remessa superior a R$ 700 mil para entidades já associadas ao PCC em inquéritos prévios. Se consideradas apenas as entradas de recursos em contas de empresas piauienses, o volume monitorado chega a R$ 300 milhões.

Essa fase da operação Carbono Oculto 86 se conecta diretamente à iniciativa original, lançada em agosto de 2025 em São Paulo com o envolvimento de cerca de 1.400 agentes da Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público estadual e Polícia Militar. Aquela etapa desmantelou uma operação nacional que importou R$ 10 bilhões em nafta, hidrocarbonetos e diesel entre 2020 e 2024, utilizando fundos ilícitos, e resultou na sonegação de R$ 8,67 bilhões em tributos. A adulteração de combustíveis afetou mais de mil postos em dez estados, com o PCC infiltrando-se também em lojas de conveniência, padarias e administradoras para expandir a lavagem de recursos do tráfico de drogas.

Entre os itens confiscados nesta nova etapa, destacam-se um avião Cessna ligado ao empresário Haran Santhiago Girão Sampaio, um automóvel Porsche avaliado em mais de R$ 550 mil, imóveis, veículos adicionais e saldos em contas bancárias. O Instituto de Metrologia do Piauí (Imepi) participa das diligências, examinando irregularidades em equipamentos de medição que causavam prejuízos aos consumidores por fornecimento de quantidades inferiores às faturadas. Até o momento, não foram registradas detenções, mas as evidências de associação com a facção são descritas como robustas pelos responsáveis pela investigação.

“A investigação revelou interconexão direta entre empresários locais e os mesmos fundos e operadores financeiros investigados pela Operação Carbono Oculto, que integrou Receita Federal, Ministério Público de São Paulo e PM [Polícia Militar] paulista para desarticular um esquema nacional de lavagem de dinheiro de organizações criminosas”, informou a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI). A ação, apoiada pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e laboratórios de análise financeira, visa enfraquecer as finanças do PCC ao interromper fontes de renda no mercado formal.a


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