Estudante de direito é acusada de envenenamentos que vitimaram quatro pessoas em SP e RJ

Suspeita de serial killer atuou em crimes motivados por vingança e ganho financeiro entre janeiro e maio de 2025
Por: Brado Jornal 13.out.2025 às 09h55
Estudante de direito é acusada de envenenamentos que vitimaram quatro pessoas em SP e RJ
Foto: Reprodução
Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, uma universitária de direito presa preventivamente desde setembro, responde por denúncia do Ministério Público de São Paulo por três homicídios qualificados e um quarto em investigação conjunta entre as polícias Civil de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os crimes, todos com indícios de envenenamento por substância similar ao "chumbinho" um veneno ilegal para ratos, ocorreram em Guarulhos, São Paulo e Duque de Caxias, com motivações que incluem disputa por herança, vingança amorosa e promessa de recompensa financeira. A suspeita, descrita pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo como uma “verdadeira serial killer”, manipulou cenários para despistar as autoridades, como forjar ameaças e culpar ex-parceiros, e confessou ter testado o veneno em pelo menos dez cachorros para calibrar dosagens que simulassem causas naturais de morte.

De acordo com o delegado Halisson Ideião Leite, do 1º Distrito Policial de Guarulhos, Ana Paula demonstrava conhecimento técnico sobre toxinas, controlando tempo e quantidade para evitar suspeitas iniciais. “Através desse inquérito, a gente chegou à conclusão que Ana Paula Veloso não era vítima nesse caso, mas sim uma 'serial killer'”, declarou o delegado à TV Globo, destacando que ela era sempre a última a interagir com as vítimas e a primeira a chamar a polícia. A decisão da Vara do Júri de Guarulhos reforça que “os pressupostos da prisão cautelar estão presentes, sobretudo para resguardar a ordem pública, para conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal, uma vez que três dos crimes foram praticados por motivo torpe, com emprego insidioso de veneno, bem como mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e o outro foi cometido mediante promessa de recompensa, valendo-se insidiosamente do emprego de veneno”.Perfis das vítimas e detalhes dos casosAs investigações apontam diversidade nos perfis das vítimas, sem conexões aparentes entre elas, mas com o mesmo modus operandi: administração de veneno em alimentos ou bebidas. Pelo menos três corpos foram exumados para perícia toxicológica, que confirmou edema pulmonar e sinais de intoxicação; o do tunisiano foi trasladado para seu país de origem, impedindo reanálise. Eis os casos identificados:

  • Marcelo Hari Fonseca, morto em janeiro de 2025, no bairro Vila Renata, em Guarulhos (SP). Dono de um imóvel disputado em herança, ele foi envenenado por Ana Paula, que se aproximou para lucrar com a partilha. O crime foi qualificado por motivo torpe e uso insidioso de veneno.
  • Maria Aparecida da Silva Ferreira, falecida em março de 2025, em Guarulhos (SP). Amiga próxima da suspeita, ela foi vítima de uma armadilha para incriminar Diego Sakaguchi, ex-amante de Ana Paula e policial militar que encerrou o affair. A universitária envenenou alimentos da amiga e plantou um bolo supostamente tóxico para simular uma tentativa contra si mesma. “O objetivo dela, neste caso, não era que fosse feito um boletim de ocorrência de morte natural, mas, sim, de morte suspeita”, explicou o delegado Leite. A filha da vítima, que era confidente de Maria Aparecida, desabafou: “Minha mãe era minha melhor amiga. É muito difícil saber que alguém tirou ela de mim”.
  • Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, óbito em abril de 2025, em Duque de Caxias (RJ). Aposentado e pai de uma colega de faculdade de Ana Paula, ele morreu após consumir feijoada envenenada, crime encomendado pela própria filha, Michelle Paiva da Silva, de 43 anos, por motivos de herança. Michelle financiou a viagem da suspeita de Guarulhos ao Rio e foi presa em operação conjunta das polícias civis dos dois estados. O irmão de Michelle, Carlos Silva, defendeu-a: “Não tenho dúvida de que minha irmã foi vítima de uma psicopata”.
  • Hayder Mhazres, tunisiano de 21 anos, assassinado em maio de 2025, em São Paulo (SP). Namorado recente de Ana Paula, conhecido via aplicativo de relacionamentos, ele foi envenenado com milkshake após ela forjar uma gravidez falsa e ser rejeitada. O corpo foi repatriado à Tunísia, mas laudos preliminares indicam intoxicação.
Ana Paula não atuou sozinha: sua irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, de 35 anos, presa em agosto, é acusada de auxiliar nos envenenamentos em Guarulhos, manipulando dados e mensagens para desviar suspeitas inclusive enviando ameaças falsas para a própria Ana Paula. “De mais a mais, a investigada inventou ter recebido um bolo envenenado; imputou falsamente a prática de um dos homicídios a seu antigo amante, envolvendo sua esposa no episódio do envenenamento; enviava mensagens ameaçadoras para si própria; manipulou dados, informações, declarações e outros elementos com o objetivo de se desvincular das mortes e atribuir a responsabilidade à terceiros”, detalha a decisão judicial. As três mulheres Ana Paula, Roberta e Michelle permanecem detidas em São Paulo, enquanto a Polícia Civil apura possíveis vítimas adicionais, sem divulgar mais detalhes para não comprometer as investigações.


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