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Aproximação de Eduardo Hagge com o PT de Jerônimo gera crise em Itapetinga

A guinada de Eduardo Hagge rumo ao PT chocou a base política da família Hagge, que há gerações domina Itapetinga com um discurso alinhado à centro-direita
Por: Brado Jornal 26.mai.2025 às 14h25
Aproximação de Eduardo Hagge com o PT de Jerônimo gera crise em Itapetinga

O prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), tem colocado sua credibilidade em xeque ao se alinhar com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), em uma manobra política que não apenas rachou a tradicional família Hagge, mas também provocou uma onda de revolta entre os produtores rurais do município. A aproximação com o PT, um partido acusado de devastar a economia e a segurança do campo na Bahia, é vista como uma traição aos valores que sustentaram a trajetória política dos Hagge e ameaça afundar a gestão de Eduardo em um mar de impopularidade.

Desde o início de 2025, Eduardo Hagge intensificou sua aproximação com o governo petista, com reuniões em Salvador ao lado do governador Jerônimo Rodrigues e do secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola. O apoio do PT garantiu recursos para a 53ª Exposição Agropecuária de Itapetinga, realizada entre 15 e 25 de maio, além de uma ambulância, equipamentos hospitalares e transporte escolar para o município. No entanto, esses benefícios de curto prazo têm um custo político altíssimo: a associação com um governo estadual criticado por sua ineficiência e por políticas que, segundo produtores rurais, destroem o agronegócio baiano.

O PT, que governa a Bahia há quase duas décadas, é acusado de negligenciar a segurança no campo, permitindo invasões de terras por movimentos sociais sem oferecer respostas concretas aos proprietários rurais. Na região sudoeste, onde Itapetinga é um polo agropecuário, as ocupações de terras se tornaram uma ameaça constante, gerando insegurança jurídica e prejuízos econômicos. “O governo petista fecha os olhos para as invasões e deixa o produtor à mercê da violência. Eduardo Hagge, ao se alinhar com Jerônimo, vira as costas para quem sustenta a economia local”, disparou um pecuarista da região, que pediu anonimato.

A guinada de Eduardo Hagge rumo ao PT chocou a base política da família Hagge, que há gerações domina Itapetinga com um discurso alinhado à centro-direita. O ex-prefeito Rodrigo Hagge, sobrinho de Eduardo, é um defensor ferrenho de pautas conservadoras e foi um dos principais apoiadores de ACM Neto (União Brasil) na eleição para governador em 2022. Naquele pleito, Rodrigo mobilizou Itapetinga para dar a Neto uma vitória esmagadora no município, com mais de 10 mil votos de diferença sobre Jerônimo. A postura de Eduardo, que agora busca a bênção do PT, é vista como uma traição aos ideais defendidos por seu sobrinho e pela base eleitoral que os Hagge construíram.

O setor rural, espinha dorsal da economia de Itapetinga, está em pé de guerra. Os produtores, que historicamente apoiaram os Hagge, acusam Eduardo de se vender ao PT em troca de migalhas políticas, enquanto o governo estadual ignora a escalada de invasões de terras. “O PT está destruindo a Bahia com sua omissão no campo. As invasões de terra crescem, e Jerônimo não faz nada. Eduardo, ao se aliar a esse desgoverno, mostra que não tem compromisso com o agronegócio”, declarou um líder ruralista local.

A insatisfação se reflete na queda vertiginosa da popularidade de Eduardo. Eleito em 2024 com 53,50% dos votos, o prefeito enfrenta dificuldades para manter o apoio na Câmara Municipal, onde uma oposição fortalecida, com sete vereadores, ameaça travar projetos importantes. A escolha de Luciano Almeida (MDB) como presidente da Câmara, articulada por Eduardo, gerou atritos com vereadores governistas, que se sentiram traídos, e expôs a fragilidade de sua base aliada.

A aliança de Eduardo Hagge com o PT também joga luz sobre as críticas ao governo de Jerônimo Rodrigues. Após quase 20 anos de gestões petistas, a Bahia enfrenta desafios estruturais graves: o desemprego persiste, a infraestrutura rural é precária, e a segurança no campo é praticamente inexistente. As invasões de terras, incentivadas pela leniência do governo, afastam investimentos e prejudicam a produtividade agrícola, setor vital para a economia do estado. Em Itapetinga, a percepção é de que o PT transformou a Bahia em um estado estagnado, onde a burocracia e a falta de políticas públicas eficazes sufocam o crescimento.



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