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A Cenoura de Burro da "Lei Magnitsky": uma tragicomédia bolsonarista em quatro atos

Por: Brado Jornal 29.mai.2025 às 06h09 - Atualizado: 30.mai.2025 às 05h36
A Cenoura de Burro da

Era uma vez, no reino encantado da política brasileira, uma promessa reluzente que agitava os corações dos bolsonaristas mais fervorosos: a Lei Magnitsky, a “pena de morte financeira” que, segundo eles, ia derrubar o ministro Alexandre de Moraes do STF. Mas, como toda boa fábula, essa história se desenrolou em quatro atos de puro anticlímax, com uma cenoura sempre balançando na frente do burro – ou melhor, dos apoiadores mais crédulos. Vamos ao espetáculo.

Ato 1: “Lei Magnitsky em Duas Semanas!”

No início, a empolgação era palpável. Eduardo Bolsonaro, o herdeiro do clã, cruzou o Atlântico rumo aos EUA, onde, segundo os posts mais calorosos no X, estava articulando com parlamentares republicanos para detonar Moraes com a Lei Magnitsky. “Em duas semanas, o ministro vai sentir o peso da justiça americana!”, bradavam os fiéis, com emojis de bandeiras dos EUA e fogos de artifício. A lei, criada em 2012 para punir corruptos e violadores de direitos humanos, seria a arma perfeita: congelamento de bens, proibição de entrada nos EUA e um banho de humilhação global. Marco Rubio, secretário de Estado de Trump, até alimentou a fantasia, dizendo em maio de 2025 que havia “grande possibilidade” de sanções contra Moraes. O prazo? Duas semanas, claro! Afinal, quem precisa de mais tempo quando se tem a verdade (e o Tio Sam) do lado?

Ato 2: “Não, Pera, Segundo Semestre!”

As semanas passaram, e nada de Magnitsky. A cenoura começou a murchar, mas os bolsonaristas, incansáveis, ajustaram o discurso. “Calma, pessoal, é no segundo semestre!”, garantiam, enquanto os memes no X trocavam os fogos por carinhas de ansiedade. O entusiasmo de Rubio parecia esfriar, e o “grande possibilidade” virou um vago “está sob análise”. Eduardo Bolsonaro, agora em modo influencer internacional, continuava posando com deputados republicanos como Cory Mills, mas as reuniões começavam a parecer mais um churrasco de networking do que uma conspiração para abalar o STF. Enquanto isso, no Brasil, a Procuradoria-Geral da República (PGR) abria inquérito contra Eduardo por suposta obstrução de Justiça, o que só jogava lenha na fogueira da narrativa de “perseguição”. Mas a Lei Magnitsky? Adiada, como um voo low-cost em dia de chuva.

Ato 3: “Não, Pera, Só Perda de Visto! Olha a Lista!”

O segundo semestre chegou, e a Lei Magnitsky continuava mais distante que a promessa de “acabar com a corrupção em um ano”. Então, os bolsonaristas mudaram a tática: “Não precisa da Magnitsky, vai ser só perda de visto!”. Uma lista de nomes, dizem, já estava pronta nos EUA, com Moraes encabeçando o rol dos “censuradores”. No X, um usuário chegou a cravar: “Já era, perdeu, mané. A lista tá pronta!” (). A ideia era simples: sem visto, Moraes ficaria preso no Brasil, incapaz de curtir um café em Miami ou um passeio em Nova York. Só tinha um problema: ninguém viu essa tal lista. Nem os bolsonaristas, nem os republicanos, nem o porteiro da embaixada americana. A cenoura, agora, era uma lista imaginária, mas que ainda fazia os burros – digo, os apoiadores – trotarem com esperança.

Ato 4: “Não, Pera, a Perda de Visto É Invisível e Secreta!”

Eis que chegamos ao gran finale, onde a cenoura atinge o auge da sua intangibilidade. Cansados de esperar pela Magnitsky e pela tal lista de vistos, os bolsonaristas jogaram a última cartada: “A perda de visto é secreta! É uma operação invisível!”. Um post no X resume o espírito: “Compra um chips e coca-cola que a espera será demorada. O máximo será a perda de visto, e só 17 pessoas no mundo foram sancionadas pela Magnitsky!” (). Ou seja, a grande promessa de “pena de morte financeira” virou uma restrição de viagem que ninguém confirma, ninguém vê e, provavelmente, ninguém sentirá. Rubio, que antes falava em “grande possibilidade”, agora anuncia restrições genéricas contra “autoridades que censuram americanos”, sem citar nomes (). A lista? Invisível. A sanção? Secreta. A credibilidade? Essa, sim, foi confiscada.

Epílogo: A Cenoura Murchou, e o Burro Cansou

No fim das contas, a saga da Lei Magnitsky bolsonarista é uma masterclass em como transformar uma promessa grandiosa em uma piada de mau gosto. O que começou com bravatas de “duas semanas” virou um jogo de adiamentos, meias verdades e, por fim, uma cortina de fumaça chamada “sanção secreta”. Enquanto Eduardo Bolsonaro posa para fotos nos EUA e Moraes segue firme no STF, a única coisa sancionada parece ser a paciência dos apoiadores, que ainda correm atrás da cenoura, mesmo sabendo que ela nunca será alcançada. E assim, a tragicomédia segue, com o próximo ato já sendo ensaiado no X: “Não, pera, vem aí a Lei Magnitsky 2.0!”. Alguém traz o chips e a coca-cola?



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