Haddad supera Alcolumbre e Motta e preserva parte da elevação do IOF

Em um embate político, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), saiu vitorioso ao garantir a manutenção parcial do decreto que aumenta o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), apesar da pressão dos presidentes do Senado
Por: Brado Jornal 09.jun.2025 às 08h43 - Atualizado: 09.jun.2025 às 08h44
Haddad supera Alcolumbre e Motta e preserva parte da elevação do IOF
Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC

Em um embate político, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), saiu vitorioso ao garantir a manutenção parcial do decreto que aumenta o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), apesar da pressão dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A decisão foi selada em uma reunião no domingo (8.jun.2025), que também definiu a revisão de gastos públicos e a elevação de outros tributos para compensar a redução na arrecadação do IOF.

Pressão do Congresso e recuo parcial

Alcolumbre e Motta, contrários ao aumento de impostos, deram um ultimato de 10 dias a Haddad para revogar o decreto, que entrou em vigor em 2 de junho de 2025. O prazo expiraria nesta terça-feira (10.jun). Motta chegou a ameaçar votar um projeto de decreto legislativo para derrubar a medida, mas a articulação do governo prevaleceu. “O Congresso conseguiu uma revisão do decreto e um compromisso com a revisão de gastos”, declararam os líderes do Legislativo, embora a manutenção de parte do IOF represente uma derrota política.

O que muda no IOF

O decreto será “recalibrado”, segundo Haddad, com a edição de um novo texto para evitar a derrubada pelo Congresso. A alíquota sobre operações de risco sacado, usadas por empresas para antecipar recebíveis como vendas a prazo, será reduzida em 80% em relação aos 0,98% iniciais, mas o imposto será mantido. Isso elevará os juros cobrados, impactando diversos setores.  

O IOF sobre compras com cartões de crédito internacionais também será preservado, afetando desde viajantes de classes média e alta até consumidores de compras internacionais de até US$ 50, conhecidas como “compras de blusinhas”. A arrecadação esperada com o IOF caiu de R$ 20 bilhões para cerca de R$ 6 a 7 bilhões, conforme estimativas da equipe econômica.

Novos impostos para compensação

Para compensar a redução, o governo aumentará a tributação sobre empresas de apostas, as chamadas “bets”, de 12% para 18%. Outras medidas incluem a cobrança de 5% sobre LCAs e LCIs, títulos de renda fixa isentos até então, e a revisão dos Juros sobre Capital Próprio (JCPs), usados por grandes empresas para reduzir impostos. Fintechs também enfrentarão tributação mais próxima à dos bancos, com alíquotas subindo de 9% para até 20%.

Outras decisões e embates

No caso de VGBL (planos de previdência privada), o IOF será reduzido, e operações de retorno de investimento estrangeiro terão isenção. Empresas que tomam crédito também terão alívio na tributação. Propostas como a revisão do Fundeb ou dos pisos de saúde e educação, que dependem de emendas constitucionais, não devem avançar devido à proximidade das eleições.

Tensões com a Câmara

Haddad ignorou um pedido público de Motta, feito em 31 de maio, para suspender o IOF sobre risco sacado. A falta de resposta gerou constrangimento ao presidente da Câmara, terceiro na linha sucessória da República. No pronunciamento conjunto de domingo, o tema foi evitado, deixando a situação sem esclarecimentos.

Reunião de alto nível

A reunião de domingo, que começou às 18h e terminou às 23h40, contou com líderes como José Guimarães (PT-CE), Jaques Wagner (PT-BA), Antonio Brito (PSD-BA) e Pedro Lucas (União Brasil-MA). O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), negou que o Congresso tenha sido derrotado. “Foi uma vitória conjunta. O decreto será revisado com diálogo de alto nível”, afirmou.

A decisão marca um avanço para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas evidencia as tensões com o Legislativo em um cenário de ajustes fiscais.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Bolsonaro promete verdade em depoimento ao STF e pede apoio de seguidores
Ex-presidente, réu por tentativa de golpe, se prepara em São Paulo para oitiva com Alexandre de Moraes
Jerônimo, Wagner e Otto aparecem juntos prometendo o VLT que nunca sai do papel
Enquanto posam para fotos em canteiro de obras, o povo do Subúrbio segue abandonado e sem transporte eficiente desde que o trem foi desativado há mais de cinco anos
Bruno Reis critica PT por promessas não cumpridas na Bahia após 20 anos de governo
Em discurso contundente na quinta-feira (5), o prefeito de Salvador, Bruno Reis, criticou o Partido dos Trabalhadores (PT) e o senador Jaques Wagner pelas promessas não realizadas no estado, como a Ponte Salvador-Itaparica
Senador Miguel Uribe segue em estado crítico após atentado em Bogotá
De acordo com o jornal El Espectador, o senador foi atingido por cinco ou seis disparos. Ele foi encaminhado em estado crítico para a Fundação Santa Fé de Bogotá, onde passou por cirurgias de emergência
Alexandre de Moraes determina extradição de Carla Zambelli e oficializa perda de mandato
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou, no sábado (7.jun.2025), que o Ministério da Justiça inicie o processo de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), atualmente na Itália
Tiktoker Khaby Lame é preso nos EUA por irregularidade em visto
Influenciador italiano foi liberado após optar por "saída voluntária" das autoridades de imigração
Carregando..