Em Nova York, na terça-feira (29.jul.2025), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, encontrou-se com o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Mustafa, para discutir o conflito no Oriente Médio. O encontro ocorreu enquanto autoridades brasileiras, em Washington, tentavam estabelecer comunicação com o governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, a três dias do início das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados, previstas para entrar em vigor na sexta-feira (1º.ago.2025).
Segundo o Itamaraty, “Mauro Vieira reafirmou o apoio do Brasil ao direito inalienável à autodeterminação do povo palestino e à solução de 2 Estados. Reiterou a urgente necessidade do fim das operações militares em Gaza e condenou o agravamento da situação humanitária na Faixa, marcada pela fome”.
Paralelamente, uma comitiva de oito senadores, liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), está na capital norte-americana desde o fim de semana, mas não conseguiu, até o momento, acesso ao governo Trump. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), foi designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para liderar as negociações com os EUA. Contudo, Lula afirmou na sexta-feira (25.jul.2025): “Ninguém pode dizer que o Alckmin não quer conversar. Todo dia ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele. Então, é o seguinte, gente, esse país aqui é um país do bem”.
A decisão de Trump de impor as tarifas foi anunciada em 9 de julho, por meio de uma carta publicada em sua rede Truth Social, direcionada a Lula. Entre os motivos citados estavam a recente medida do Supremo Tribunal Federal (STF) que aumentou a responsabilização das big techs por conteúdos de terceiros e a suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento pela tentativa de golpe de Estado em 2022. A carta gerou no Brasil um discurso de defesa da soberania nacional, que impulsionou a popularidade do governo Lula, então em declínio.
Lula, por sua vez, informou a aliados que não pretende telefonar para Trump. O Itamaraty aguardava um “sinal” de Washington para prosseguir com o diálogo, conforme apurado. Uma carta confidencial, enviada em 16 de maio ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao embaixador Jamieson Greer, com propostas brasileiras, permanece sem resposta.
Vieira, em audiência pública na Câmara em 28 de maio, revelou que não havia tido contato com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, desde sua posse. Ele informou ter enviado uma carta a Rubio, então senador, quando indicado por Trump, colocando-se à disposição, mas nunca obteve retorno.
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