O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), junto a líderes do Centrão, intensificou esforços para aprovar um projeto de anistia que beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. A estratégia, que ganhou força com o início do julgamento de Bolsonaro em 2 de setembro de 2025, busca livrá-lo de uma eventual condenação, mas sem reverter sua inelegibilidade, mantendo-o fora da disputa eleitoral de 2026. O movimento é visto como uma tentativa de consolidar Tarcísio como sucessor político de Bolsonaro, com apoio de partidos como União Brasil, PP e Republicanos, que já sinalizam apoio à proposta.
A articulação envolve negociações para que o Congresso aprove o projeto de lei e busca garantias de que o STF não o declare inconstitucional. Segundo lideranças do Centrão, a anistia seria uma forma de “pacificar” o cenário político, como afirmou Tarcísio em evento recente: “A gente acredita muito nesse projeto como um fator de pacificação. Eu acho que dá para se construir um ambiente para aprovar isso.” O governador, que tem evitado críticas diretas aos ministros do Supremo, esteve em Brasília no dia 2 de setembro para reuniões com figuras como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), discutindo a tramitação do projeto.
Embora o texto do projeto ainda não esteja finalizado, a intenção é que ele contemple os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e, potencialmente, Bolsonaro, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como “principal articulador, maior beneficiário e autor” das ações para subverter o resultado das eleições de 2022. A PGR aponta que os crimes atribuídos a Bolsonaro podem levar a até 43 anos de prisão. A proposta de anistia, no entanto, enfrenta resistências. Hugo Motta, apesar da pressão, tem indicado que não há clima para uma votação imediata, afirmando: “Os líderes estão cobrando, estamos avaliando, vamos conversar mais.” O presidente da Câmara sinalizou que o tema pode avançar após o julgamento, previsto para terminar em 12 de setembro.
Tarcísio, apontado como principal nome da direita para 2026, também enfrenta tensões com o clã Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, expressou desconfiança em mensagens reveladas pela Polícia Federal, dizendo ao pai: “Está de braço cruzado vendo vc se f…. e se aquecendo para 2026.” Apesar disso, o senador Flávio Bolsonaro elogiou a atuação de Tarcísio, destacando: “Todos os movimentos dele são na direção de ajudar o país a retomar alguma normalidade.” O governador, por sua vez, reforçou seu compromisso com a anistia, declarando em entrevista que, se eleito presidente, seu “primeiro ato” seria conceder indulto a Bolsonaro, pois considera as ações judiciais contra ele “absolutamente desarrazoado.”
A movimentação ganhou impulso após o desembarque de partidos como União Brasil e PP do governo Lula, sinalizando um reposicionamento para as eleições de 2026. O líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas, afirmou: “Temos de ver o relator para formatar o texto, mas a federação é a favor da anistia. Vamos lutar para pautar o mais breve possível.” A articulação também envolve o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que visitou Bolsonaro em prisão domiciliar, e o pastor Silas Malafaia, que discute o texto com líderes do PL. Apesar do apoio crescente, a oposição enfrenta o desafio de garantir que o STF não barre a iniciativa, o que levou a conversas informais com ministros da corte.
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