Um evento promovido pela Prefeitura de Catu, na Bahia, destinado a crianças com deficiência, terminou em revolta na noite de quinta-feira, 18 de setembro de 2025. A atividade, chamada “Inclusão em Foco”, realizada no Centro Multicultural, no bairro Aruanha, incluiu a exibição do filme “Kasa Branca”, que contém cenas de nudez, insinuações sexuais e masturbação, inadequadas para o público infantil presente, incluindo crianças autistas. A obra, com classificação indicativa para maiores de 16 anos, chocou os cerca de 40 pais e responsáveis que acompanhavam seus filhos, levando muitos a abandonarem o local em protesto.
A sessão ocorreu após uma palestra educativa sobre inclusão, parte da campanha Setembro Verde, dedicada à visibilidade da pessoa com deficiência. No entanto, a escolha do filme gerou indignação. Flávia Santana Gonzaga, vendedora de 35 anos e mãe de uma menina autista de 13 anos, relatou sua revolta: “A palestra foi muito boa, muito conhecimento. E no fim passaria um filme. Falei tudo bem, vamos, vai ser legal. Mas, vocês não sabem o que aconteceu. O filme é horrível, estou indignada. Não só eu, mas muitas mães também. O filme é Kasa Branca. Sabe o que tem na cena do filme? Tem um rapaz colocando a mão dentro da roupa fazendo masturbação. Mais para frente tinha um pessoal dentro de um tanque [dois homens e uma moça], eles começaram a se beijar. Homem com homem, a mulher. Quando aquilo tudo começou, peguei minha filha e saí”. Flávia ainda destacou que sua filha, que sofre de crises epiléticas, não está exposta a esse tipo de conteúdo em casa, o que tornou a experiência ainda mais chocante: “Minha menina é autista, ela tem crises epiléticas. Então, assim, ela não tem acesso a esse tipo de conteúdo, não. Até porque na minha casa não tem. E aí a gente sai de lá chocada. Eu saí chocada!! A minha menina não viu tanta coisa, na hora a gente saiu”.
O convite do evento informava que o filme não era recomendado para menores de 10 anos, o que já levantava dúvidas, mas muitos pais confiaram na proposta educativa da prefeitura. A exibição de “Kasa Branca”, um drama psicológico brasileiro que aborda temas como identidade, trauma e sexualidade, foi considerada um erro grave pelos presentes. A prefeitura, por meio dos Departamentos de Cultura e Desenvolvimento Social, emitiu uma nota oficial nas redes sociais, atribuindo o incidente a uma “falha técnica” na classificação etária da obra. A nota esclarece: “O Departamento de Cultura de Catu, em conjunto com o Departamento de Desenvolvimento Social, vem a público esclarecer sobre os fragmentos do filme exibido durante o evento Inclusão em Foco, realizado em alusão ao Dia Nacional da Pessoa com Deficiência. Pedimos desculpas ao público presente pela falha técnica relacionada à classificação indicativa da obra. O filme apresentado aborda a temática do Alzheimer e os impactos da doença nos familiares, sendo sua classificação correta para maiores de 16 anos, e não para 10 anos, como informado inicialmente.
Dessa forma, o Departamento de Cultura e o Departamento de Desenvolvimento Social ratificam o pedido de desculpas já feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social e se colocam à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas que ainda possam existir. Reafirmamos, por fim, o compromisso de continuar oferecendo, de forma gratuita, conteúdos educativos, culturais e sociais que contribuam para o fortalecimento da comunidade local”.
A justificativa da prefeitura, no entanto, não aplacou a revolta dos pais, que consideraram a escolha do filme irresponsável e incompatível com o público-alvo do evento. A polêmica levantou questionamentos sobre os critérios de seleção de conteúdos para atividades voltadas a crianças, especialmente aquelas com necessidades especiais, e sobre a supervisão das autoridades responsáveis pela organização.
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