O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reafirmou nesta segunda-feira (29) sua intenção de concorrer à reeleição no estado em 2026, durante uma visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar em Brasília. O encontro, realizado no condomínio onde Bolsonaro reside no Jardim Botânico, contou com a presença do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do vereador Jair Renan Bolsonaro (PL-SC), e ocorreu em um contexto de negociações intensas no Congresso sobre a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Tarcísio, que chegou ao local por volta das 13h30, descreveu a visita como um gesto de amizade e solidariedade, sem "interesse político", mas não evitou discussões sobre o futuro eleitoral da direita. Ele negou qualquer plano de disputar o Palácio do Planalto, enfatizando sua permanência na corrida estadual. "Sou candidato à reeleição em 2026, em São Paulo. Vim visitar um amigo, que foi importante na minha trajetória. O presidente está passando por um momento difícil. É muito triste", declarou o governador, em entrevista coletiva após o encontro.
A pauta da anistia dominou as conversas, especialmente diante do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, relatado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). A proposta, conhecida como PL da Dosimetria, prevê a revisão e redução de penas para os envolvidos nos atos antidemocráticos, mas não um perdão irrestrito. Tarcísio foi enfático ao rejeitar essa abordagem, argumentando que ela não atende às expectativas do bolsonarismo e que apenas uma anistia ampla promoveria a "pacificação" do país. "A minha opinião é que eu acredito que o caminho para a pacificação é a anistia. [Anistia] ampla, geral e irrestrita é impossível. [...] A redução de penas não satisfaz o presidente", afirmou, citando precedentes como a anistia de 1979 e dispositivos constitucionais sobre o tema.
Flávio Bolsonaro, que acompanhou o governador na saída do condomínio, reforçou a defesa da anistia como condição essencial para definir o nome da direita à Presidência em 2026. Ele prometeu pressionar pelo projeto no Senado e alertou que o cenário pode mudar a qualquer momento. "Vai batalhar até o final para que Bolsonaro esteja na rua em 2026 e que não tem como tomar uma decisão a respeito da corrida presidencial antes do fim do projeto de anistia porque o cenário pode mudar a qualquer momento", disse o senador. Flávio também destacou a união do campo de centro-direita: "O recado que eu quero dar para que não haja dúvidas é que, independentemente de como as coisas vão transcorrer daqui para frente, eu, o Tarcísio, nós, os partidos de centro-direita, vamos estar juntos de qualquer forma em 2026".
Essa foi a segunda visita de Tarcísio a Bolsonaro desde a condenação do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o tornou inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação. O governador tem se posicionado publicamente pela anistia desde o início de setembro, articulando com líderes de bancada para viabilizar o texto, apesar de resistências no centrão e no próprio bolsonarismo mais radical. A reunião ocorre em um momento delicado para Tarcísio, que enfrenta tensões com o STF após críticas ao ministro Alexandre de Moraes durante ato na Avenida Paulista em 7 de setembro. Autorizada pelo próprio Moraes, a visita reflete o equilíbrio que o governador busca manter entre lealdade ao ex-aliado e sua gestão em São Paulo.
Analistas políticos apontam que a articulação fortalece a coesão da direita para as eleições de 2026, mas condiciona o apoio a Bolsonaro à aprovação da anistia, que poderia reabilitá-lo politicamente. Caso o PL da Dosimetria avance sem perdão total, nomes como Tarcísio ou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ganham espaço no debate interno.
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