Estratégia de Tarcísio de Freitas ao impulsionar candidatura de Ratinho Júnior em 2026

Governador paulista recua de ambições nacionais e aposta em aliado paranaense para unir direita e centro
Por: Brado Jornal 06.out.2025 às 11h25
Estratégia de Tarcísio de Freitas ao impulsionar candidatura de Ratinho Júnior em 2026
Foto: Reprodução
Desde que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), começou a sinalizar menor interesse em uma candidatura presidencial para o próximo ano, ele tem se dedicado a promover o nome de Ratinho Júnior (PSD), chefe do Executivo do Paraná, como uma alternativa sólida para a oposição contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa manobra política reflete uma análise estratégica de Tarcísio, que prioriza sua reeleição no estado paulista, evitando os riscos de uma disputa nacional marcada pela fragmentação da direita e pela dependência de figuras como a família Bolsonaro.

Em conversas reservadas com aliados, Tarcísio descreve Ratinho Júnior como “um nome forte” e destaca que o paranaense, representando a direita com respaldo de legendas de centro, poderia atrair eleitores com sua baixa rejeição e alto índice de desconhecimento nas pesquisas eleitorais. Essa visão ganhou tração especialmente após o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, reforçar que o partido tem opções consolidadas para 2026, incluindo Tarcísio, Ratinho Júnior e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. “Ou é com o governador Tarcísio, o governador Ratinho Júnior ou o Eduardo Leite. Isso é algo que está pacificado dentro do partido e, portanto, vamos aguardar [a decisão do Tarcísio]. ... ‘A aliança com outros partidos do centrão ou de outras vertentes sempre é bem-vinda, e, da nossa parte, o PSD está de braços abertos para discutir, pra apoiar ou ser apoiado’”, afirmou Kassab em recente declaração.

A mudança de foco de Tarcísio também abre espaço para Ratinho Júnior se posicionar com maior autonomia, contrastando com a situação do paulista, que ainda navega influências do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Interlocutores do governador paranaense apontam que essa independência permite uma construção mais gradual de sua pré-campanha, com o apoio de Kassab e eventos estratégicos junto a empresários. No Sul do país, Ratinho tem recebido recepção positiva do empresariado, o que o coloca como uma aposta crescente em comparação ao paulista. “Hoje as apostas maiores, eu diria, da Faria Lima e da Paulista para pegar o empresariado financeiro e industrial, está mais para o Ratinho do que para o Tarcísio”, analisou o colunista José Roberto de Toledo, destacando a migração de apoio da elite financeira paulista.

Outro fator que impulsiona essa articulação é a percepção de que Ratinho Júnior representa uma opção viável para o centrão, pressionado por uma definição rápida. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP, revelou que Bolsonaro já teria escolhido entre Tarcísio e Ratinho para endossar em 2026, com anúncio previsto para janeiro ou fevereiro. “A possibilidade de Bolsonaro sacramentar a escolha é bem vista por lideranças do grupo, que enxergam em Tarcísio um perfil competitivo. Mas o governador mantém discurso de que tentará a reeleição”, comentou Nogueira, sinalizando que o tempo favorece o paranaense.

Essa estratégia de Tarcísio não só preserva sua base em São Paulo, mas também fortalece laços com o PSD e partidos aliados, como União Brasil e PP, que buscam consenso em um “plano B” para a direita. Um jantar recente com líderes do PSD, por exemplo, elevou Ratinho como alternativa principal, distanciando Tarcísio da frente eleitoral nacional. Governadores como Eduardo Leite também sinalizam apoio flexível: “Respeito muito o governador Ratinho Júnior, inclusive minha entrada no PSD mostra que não vim para dividir nosso campo”, declarou Leite, abrindo possibilidade de disputar o Senado para viabilizar um nome unificador.

No contexto mais amplo, ambos os governadores têm acenado ao bolsonarismo, especialmente após a vitória de Donald Trump nos EUA, vista como um “sinal verde” para o conservadorismo. Tarcísio qualificou o resultado como uma “vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade, da liberdade”, enquanto Ratinho destacou que “o Paraná continuará dialogando com os americanos para fortalecer uma relação comercial exitosa para os dois lados”. Essa sintonia reforça o cálculo de Tarcísio: ao apoiar Ratinho, ele garante influência em uma possível coalizão opositora, sem expor-se diretamente aos desafios de uma campanha presidencial.

Especialistas do mercado financeiro, arrependidos do apoio a Lula em 2022, veem em Ratinho um perfil liberal similar ao de Tarcísio, com ênfase em reformas fiscais. “A cabeça dele é igual à do Tarcísio. Defende reformas estruturais, sabe que é preciso consertar o caos fiscal e enfrenta o principal desafio do Brasil hoje, que é o descontrole das contas públicas”, avaliou Renato Jerusalmi, sócio da Riza Asset. Essa convergência econômica, aliada à baixa rejeição de Ratinho, posiciona-o como um contraponto competitivo a Lula, caso o atual presidente busque reeleição.

Em resumo, o apoio de Tarcísio a Ratinho Júnior emerge como uma jogada pragmática, priorizando estabilidade em São Paulo enquanto pavimenta uma oposição mais coesa. Com o PSD e o centrão de braços abertos, o governador paranaense avança em sua articulação, transformando o recuo do aliado paulista em oportunidade para 2026.


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