Golpista some após enganar 200 pessoas com falsa promessa de lucros na RMS

Esquema milionário desmorona em Simões Filho
Por: Brado Jornal 08.out.2025 às 08h29
Golpista some após enganar 200 pessoas com falsa promessa de lucros na RMS
Reprodução
Um suposto esquema de investimentos fraudulentos, liderado por Edson dos Santos Campos Júnior, deixou entre 180 e 200 vítimas na Região Metropolitana de Salvador (RMS), com prejuízos estimados em mais de R$ 4 milhões. A empresa Workway Investimentos, sediada em Simões Filho, prometia retornos fixos de 20% ao mês, atraindo pessoas de diferentes classes sociais com a ilusão de segurança financeira. As investigações apontam crimes como estelionato, fraude e uso de documentos falsos, enquanto o principal suspeito segue foragido desde março de 2025.

Promessas falsas e documentos forjados

A autônoma Reinilda Jesus, de Simões Filho, perdeu R$ 150 mil no golpe. “Usei minha rescisão de 14 anos de trabalho, o dinheiro do meu esposo e da minha mãe, para investir em algo que parecia seguro. Tínhamos contrato, havia pagamentos mensais, e ele dizia que operava com apenas 1% do capital na Bolsa. Era mentira”, relatou. Segundo ela, os pagamentos iniciais ocorreram, mas pararam em julho de 2024.

Edson alegou problemas com “contas globais” e apresentou e-mails falsos e uma apólice de seguro inexistente. “Em novembro, ele admitiu que perdeu todo o dinheiro operando de forma impulsiva, o que contrariava sua própria política de risco”, completou Reinilda.

O empresário Eufrásio Florêncio de Andrade, de 62 anos, também foi vítima, com prejuízo de R$ 1,48 milhão. Ele começou com R$ 10 mil, mas aumentou os aportes após receber lucros iniciais. “Chegou uma hora que ele atrasou. Me disse que a conta estava bloqueada e que abriria outra para me reembolsar em 60 dias. Acreditei e coloquei mais R$ 200 mil”, contou. Documentos falsos, incluindo uma apólice do Lloyds of London, reforçaram a farsa.

A advogada Taiza Santos perdeu R$ 14 mil, enquanto um familiar teve prejuízo de R$ 120 mil. “Ele inventava histórias, dizia que o dinheiro estava travado em Londres, criou até e-mails falsos de casas de câmbio e seguradoras. Foi tudo muito bem montado”, afirmou. Ela foi uma das primeiras a denunciar o caso e critica a lentidão nas investigações: “É revoltante ver um golpe tão grande e nada andar. Já vai fazer um ano”.

O sócio enganado

Celso Saldanha, ex-sócio da Workway, também foi vítima. Ele entrou no negócio por confiar em Edson e atrair investidores com sua rede de contatos. “Ele mostrava e-mails falsos, documento do seguro falso. Ele dizia que o dinheiro ia para a conta da Workway, na Bolsa de Valores, mas, na verdade, o dinheiro estava indo para a conta dele pessoal”, revelou. Celso tomou empréstimos para cobrir prejuízos e agora deve mais de R$ 80 mil. “O próprio delegado me disse que eu fui usado como laranja. Eu caí no golpe junto com minha família e amigos”, lamentou.

Investigações em curso

O delegado Jader Oliveira, da 22ª Delegacia de Simões Filho, confirmou três boletins de ocorrência contra Edson, registrados em 6 e 9 de novembro de 2024 e 14 de julho de 2025. “Um dos boletins gerou inquérito policial para apurar estelionato. O investigado mencionado por você, não foi interrogado ainda, não. O inquérito está em fase final para ser concluído e emitido para Justiça”, explicou. Sobre ressarcimento, ele alertou: “É bom sempre deixar claro, que para restituição de valores e coisas do tipo, é no âmbito judicial, cível, se for o caso. O que a gente pode ver aqui na investigação é, uma vez, constatado que realmente trata-se de estelionato ou algum outro crime, a gente pode solicitar, representar pelo bloqueio de valores, mas também por via judicial”.

Fuga e promessas não cumpridas

Edson, que não responde às tentativas de contato, enviou um vídeo às vítimas admitindo problemas e prometendo reembolsos via “parcelas de um seguro internacional”. “Eu tenho mais de 100 pessoas para dar conta, valores elevados. A entrada na Justiça me atrapalha, porque trava minhas contas e eu não consigo fazer pagamentos”, disse. Até 7 de outubro de 2025, nada foi pago. O pai de Edson também teria desaparecido após promessas falsas.

A Workway E&C, com CNPJ 50.645.429/0001-04, foi fundada em 11 de maio de 2023, com capital social de R$ 10 mil, e está registrada na Avenida Rui Barbosa, nº 239, Sala 103, Centro, Simões Filho. A farsa incluía contratos com firma reconhecida, e-mails falsos de bancos internacionais, apólices fictícias do Lloyds of London, mentorias falsas e uso de conta bancária pessoal para receber investimentos.

Luta por justiça

As vítimas, como Reinilda, organizam-se para pressionar autoridades por justiça e bloqueio de bens. “Queremos justiça. Queremos nosso dinheiro de volta e que ele responda pelos crimes cometidos”, afirmou. Processos cíveis foram abertos, e há suspeitas de que Edson esteja sendo escondido por familiares.


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