Um suposto esquema de investimentos fraudulentos, liderado por Edson dos Santos Campos Júnior, deixou entre 180 e 200 vítimas na Região Metropolitana de Salvador (RMS), com prejuízos estimados em mais de R$ 4 milhões. A empresa Workway Investimentos, sediada em Simões Filho, prometia retornos fixos de 20% ao mês, atraindo pessoas de diferentes classes sociais com a ilusão de segurança financeira. As investigações apontam crimes como estelionato, fraude e uso de documentos falsos, enquanto o principal suspeito segue foragido desde março de 2025.
Promessas falsas e documentos forjados
A autônoma Reinilda Jesus, de Simões Filho, perdeu R$ 150 mil no golpe. “Usei minha rescisão de 14 anos de trabalho, o dinheiro do meu esposo e da minha mãe, para investir em algo que parecia seguro. Tínhamos contrato, havia pagamentos mensais, e ele dizia que operava com apenas 1% do capital na Bolsa. Era mentira”, relatou. Segundo ela, os pagamentos iniciais ocorreram, mas pararam em julho de 2024.
Edson alegou problemas com “contas globais” e apresentou e-mails falsos e uma apólice de seguro inexistente. “Em novembro, ele admitiu que perdeu todo o dinheiro operando de forma impulsiva, o que contrariava sua própria política de risco”, completou Reinilda.
O empresário Eufrásio Florêncio de Andrade, de 62 anos, também foi vítima, com prejuízo de R$ 1,48 milhão. Ele começou com R$ 10 mil, mas aumentou os aportes após receber lucros iniciais. “Chegou uma hora que ele atrasou. Me disse que a conta estava bloqueada e que abriria outra para me reembolsar em 60 dias. Acreditei e coloquei mais R$ 200 mil”, contou. Documentos falsos, incluindo uma apólice do Lloyds of London, reforçaram a farsa.
A advogada Taiza Santos perdeu R$ 14 mil, enquanto um familiar teve prejuízo de R$ 120 mil. “Ele inventava histórias, dizia que o dinheiro estava travado em Londres, criou até e-mails falsos de casas de câmbio e seguradoras. Foi tudo muito bem montado”, afirmou. Ela foi uma das primeiras a denunciar o caso e critica a lentidão nas investigações: “É revoltante ver um golpe tão grande e nada andar. Já vai fazer um ano”.
O sócio enganado
Celso Saldanha, ex-sócio da Workway, também foi vítima. Ele entrou no negócio por confiar em Edson e atrair investidores com sua rede de contatos. “Ele mostrava e-mails falsos, documento do seguro falso. Ele dizia que o dinheiro ia para a conta da Workway, na Bolsa de Valores, mas, na verdade, o dinheiro estava indo para a conta dele pessoal”, revelou. Celso tomou empréstimos para cobrir prejuízos e agora deve mais de R$ 80 mil. “O próprio delegado me disse que eu fui usado como laranja. Eu caí no golpe junto com minha família e amigos”, lamentou.
Investigações em curso
O delegado Jader Oliveira, da 22ª Delegacia de Simões Filho, confirmou três boletins de ocorrência contra Edson, registrados em 6 e 9 de novembro de 2024 e 14 de julho de 2025. “Um dos boletins gerou inquérito policial para apurar estelionato. O investigado mencionado por você, não foi interrogado ainda, não. O inquérito está em fase final para ser concluído e emitido para Justiça”, explicou. Sobre ressarcimento, ele alertou: “É bom sempre deixar claro, que para restituição de valores e coisas do tipo, é no âmbito judicial, cível, se for o caso. O que a gente pode ver aqui na investigação é, uma vez, constatado que realmente trata-se de estelionato ou algum outro crime, a gente pode solicitar, representar pelo bloqueio de valores, mas também por via judicial”.
Fuga e promessas não cumpridas
Edson, que não responde às tentativas de contato, enviou um vídeo às vítimas admitindo problemas e prometendo reembolsos via “parcelas de um seguro internacional”. “Eu tenho mais de 100 pessoas para dar conta, valores elevados. A entrada na Justiça me atrapalha, porque trava minhas contas e eu não consigo fazer pagamentos”, disse. Até 7 de outubro de 2025, nada foi pago. O pai de Edson também teria desaparecido após promessas falsas.
A Workway E&C, com CNPJ 50.645.429/0001-04, foi fundada em 11 de maio de 2023, com capital social de R$ 10 mil, e está registrada na Avenida Rui Barbosa, nº 239, Sala 103, Centro, Simões Filho. A farsa incluía contratos com firma reconhecida, e-mails falsos de bancos internacionais, apólices fictícias do Lloyds of London, mentorias falsas e uso de conta bancária pessoal para receber investimentos.
Luta por justiça
As vítimas, como Reinilda, organizam-se para pressionar autoridades por justiça e bloqueio de bens. “Queremos justiça. Queremos nosso dinheiro de volta e que ele responda pelos crimes cometidos”, afirmou. Processos cíveis foram abertos, e há suspeitas de que Edson esteja sendo escondido por familiares.
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