A primeira-dama Janja Lula da Silva embarcará de Roma diretamente para Paris, onde atuará como representante brasileira em um seminário dedicado a energias renováveis, conscientização ecológica e metas globais de sustentabilidade. A escolha ocorre logo após o governo expandir formalmente suas atribuições no Palácio do Planalto, via decreto assinado em agosto, o que tem gerado forte reação contrária de forças oposicionistas.
De acordo com o Itamaraty, Janja foi escalada para o “Seminário Internacional Diálogos Transatlânticos: Transição energética, educação ambiental e ODS”, promovido pela Associação Autres Brésils na prestigiada Universidade Sorbonne. O compromisso, marcado entre 19 e 21 de outubro de 2025, incluirá sua fala na sessão inicial e em um debate central. Fundada há duas décadas, a entidade foca em direitos humanos, preservação ambiental e engajamento social, e a apresenta como “enviada especial para as mulheres na COP30”. A confirmação veio dos organizadores, destacando o perfil de Janja – socióloga pela Universidade Federal do Paraná e com mais de 20 anos na Itaipu Binacional, onde liderou iniciativas de inclusão feminina, desenvolvimento comunitário e práticas sustentáveis.
Essa agenda internacional sucede uma intensa programação de quatro dias na capital italiana, integrada ao Fórum Mundial da Alimentação da FAO, a agência da ONU para questões alimentares. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já voltou a Brasília, Janja estenderá sua estada até 17 de outubro para cerca de dez compromissos, como discussões sobre fortalecimento de produtores rurais, cadeias alimentares ecológicas e parcerias contra a miséria. Dentre eles, sobressai a homenagem aos 80 anos da FAO, na sexta-feira (16), com a participação do papa Leão 14. Esses eventos orbitam a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, bandeira levantada por Lula no G20 sob liderança brasileira.
Na segunda-feira (13 de outubro), ao ser indagado pela imprensa, Lula justificou a permanência da esposa: “A Janja vai ficar aqui em Roma e vai me representar nessas duas atividades da FAO”. A equipe de Janja, em comunicado do mesmo dia, limitou-se a detalhar os afazeres romanos, sem alusão explícita à sequência em Paris. A autorização para a ida à França saiu no Diário Oficial da União de 13 de outubro, rubricada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) durante interinidade presidencial, e enfatiza que não haverá despesa aos erários públicos.
Essa projeção de Janja reflete o decreto nº 12.604, de agosto, que reestruturou o Gabinete Pessoal do presidente para respaldar suas ações em prol do bem comum. A norma assegura equipe dedicada, verbas específicas e suporte logístico para deslocamentos oficiais, além de gerir diárias e transportes. Tal expansão tem inflamado debates, com opositores mobilizando-se para contestá-la nos tribunais, alegando excessos na esfera executiva.
Analistas veem na trajetória de Janja – de gestora em projetos de equidade e meio ambiente a figura central em fóruns multilaterais – um alinhamento com prioridades governistas em equidade de gênero e agenda climática, especialmente rumo à COP30 no país. A ausência de custos extras para a viagem reforça a estratégia de otimização de recursos em representações diplomáticas.
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