O julgamento de recursos movidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra sua condenação por participação em uma tentativa de golpe após as eleições de 2022 inicia nesta sexta-feira (7) em plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF), com prazo de conclusão até 14 de novembro. Condenado a 27 anos e três meses de prisão, Bolsonaro cumpre regime domiciliar desde 4 de agosto em sua residência no Jardim Botânico, em Brasília, onde visitas dependem de aprovação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Antes de uma possível ordem de prisão em regime fechado, como o presídio da Papuda, o líder da direita intensifica contatos políticos para pavimentar o caminho rumo às eleições de 2026, enviando ao STF uma série de requerimentos para encontros autorizados.
Entre os pedidos protocolados na quarta-feira (5), destacam-se as visitas do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato ao Planalto, e do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), que planeja se licenciar para relatar um projeto de lei equiparando facções criminosas a grupos terroristas. De acordo com aliados, o diálogo com Caiado deve abordar o panorama eleitoral nacional, enquanto com Derrite o foco seria a possível candidatura de Bolsonaro ao Senado. "Tem finalidade humanitária e político-institucional, diante da necessidade de manter canais de diálogo respeitosos entre lideranças políticas", justifica Caiado em ofício anexado ao pedido, enfatizando que não pretende interferir na execução da pena nem discutir temas judiciais.
A lista de autorizações solicitadas inclui ainda dirigentes partidários de peso, como o vice-presidente do PL em Rondônia, Bruno Scheid; os deputados federais Ubiratan Sanderson (PL-RS), José Medeiros (PL-MT) e Evair de Melo (PP-ES); e o ex-deputado Odelmo Leão (PP-MG). Esses encontros ocorreriam no condomínio residencial de Bolsonaro, sem data fixa, e visam fortalecer bases em estados chave como Rondônia, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais. A defesa espera expansão da relação conforme avance o cumprimento da sentença definida pela Primeira Turma do STF, enquanto Moraes avalia pleito para manutenção do domiciliar.
Líderes da centro-direita apostam que essas rodadas definam um nome para a disputa presidencial de 2026, mas Bolsonaro indicou que só tomará posição definitiva às vésperas da convenção partidária, em julho. Antes de qualquer transferência para cadeia, aliados preveem uma derradeira conversa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como potencial sucessor, embora haja resistências internas como críticas de Eduardo Bolsonaro, que o acusa de proximidade com o "sistema". Caiado, por sua vez, defende a "pulverização" de candidaturas da direita, incluindo Tarcísio, Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Junior (PSD-PR), e já se manifestou favorável a uma "anistia ampla, geral e irrestrita" aos envolvidos nos atos golpistas.
O último encontro presencial entre Bolsonaro e Caiado foi em 19 de junho de 2025, no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, durante o feriado de Corpus Christi. Esses movimentos ocorrem em paralelo a outros julgamentos no STF, como o de denúncia contra o ex-assessor de Moraes, Tagliaferro, e declarações do ministro Gilmar Mendes sobre não importar "soluções" contra o crime organizado. Analistas veem nas articulações uma estratégia para mitigar o impacto da condenação, preservando influência na direita enquanto o plenário virtual decide o futuro imediato do ex-presidente.
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