O governo Lula monitora de perto se os chefes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), vão comparecer à assinatura da lei que eleva o limite de isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil por mês. O ato solene, programado para esta quarta-feira (26) no Palácio do Planalto, conta com convites para que ambos façam falas públicas. A possibilidade de boicote reflete um mal-estar crescente entre Legislativo e Executivo, impulsionado por descontentamentos com apurações que ameaçam envolver parlamentares e controvérsias em nomeações para o STF.
Considerada uma jogada estratégica para as eleições de 2026, a medida beneficia milhões de contribuintes e foi conduzida na Câmara por Arthur Lira (PP-AL) e no Senado por Renan Calheiros (MDB-AL) rivais regionais em Alagoas que dividirão o microfone com o presidente durante o evento. Lula, que desembarca do G20 na África do Sul, planeja usar a ocasião para tentar apaziguar os ânimos no Congresso, mas fontes palacianas veem riscos de um gesto de repúdio explícito.
A fricção ganhou força com a detenção do financista Daniel Vorcaro, do Banco Master, e ações da Polícia Federal como a operação Compliance Zero, que resultou no fechamento da instituição. O episódio expõe ligações do banqueiro com figuras do Congresso, governo e Judiciário, gerando temores de colaborações premiadas que possam respingar em políticos. Parlamentares do MDB e PSD, incluindo Alcolumbre, criticam a escolha de Jorge Messias para a vaga de ministro da AGU no STF, preferindo o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-senador. Já Motta entra em atrito com o petista Lindbergh Farias (RJ) devido à tramitação do PL Antifacção.
Apesar das incertezas com Motta e Alcolumbre, Renan Calheiros e Eduardo Braga (MDB-AM) já sinalizaram que estarão presentes o último preside uma sessão especial da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para debater impostos sobre apostas online e fintechs. Lula se reuniu com Gleisi Hoffmann e Jaques Wagner (PT-BA) para traçar estratégias de diálogo, mas o rompimento de Alcolumbre com Wagner complica a sabatina de Messias no Senado.
"Não há clima político", avalia um assessor próximo a Alcolumbre, justificando a relutância em posar ao lado de Lula em meio ao "atrito" atual.
A eventual ausência dos líderes das Casas seria um indicador claro do abismo entre poderes, desperdiçando um momento de vitrine para o Planalto às vésperas de 2026. No entanto, aliados sugerem que negociações de última hora, possivelmente até o fim da noite, ainda podem alterar o quadro e garantir a presença. A sanção, assim, vira termômetro da crise, com o MDB dividindo-se entre participação e protesto silencioso.
📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO e receba os principais destaques do dia em primeira mão
Deixe sua opinião!
Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.
Sem comentários
Seja o primeiro a comentar nesta matéria!
Carregando...