Nesta terça-feira (2.dez.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve uma ligação telefônica de aproximadamente 40 minutos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano). No centro da conversa estiveram o comércio bilateral e a cooperação para enfrentar o crime organizado transnacional.
De acordo com o Palácio do Planalto, Lula avaliou como positiva a recente decisão norte-americana de suspender a sobretaxa de 40% aplicada a produtos brasileiros como café, carne e frutas, mas destacou que diversos itens ainda permanecem penalizados. O presidente brasileiro defendeu a aceleração das negociações para eliminar as demais barreiras tarifárias. No tema segurança, Lula reforçou a necessidade de ações coordenadas entre os dois países, mencionando operações recentes no Brasil para sufocar o financiamento de facções e mapear suas conexões internacionais.
Do lado americano, Trump manifestou disposição para apoiar iniciativas conjuntas e coordenar respostas contra organizações criminosas que atuam além das fronteiras.
A ênfase de Lula no combate ao crime organizado ocorre em momento de intensificação da agenda de segurança pública do governo. Entre as principais propostas estão o PL Antifacção, encaminhado ao Congresso em outubro, que aumenta penas, cria novos tipos penais e reforça ferramentas para bloquear ativos de grupos com domínio territorial, e a PEC da Segurança Pública, apresentada pelo ministro Ricardo Lewandowski, que busca estabelecer diretrizes nacionais para a atuação dos estados.
No cenário externo, a conversa também reflete tensões regionais. Operações dos Estados Unidos no Caribe, voltadas ao combate ao narcotráfico, têm se concentrado em áreas próximas à costa venezuelana, o que é interpretado como parte de uma estratégia de pressão ao governo Nicolás Maduro (PSUV).
No front comercial, a sobretaxa de até 50% sobre exportações brasileiras havia sido imposta por Trump em agosto, afetando especialmente o agronegócio e produtos de maior valor agregado. O quadro começou a mudar após o encontro presencial entre Lula e Trump em outubro, à margem da cúpula da Asean na Malásia. Considerado cordial por assessores de ambos os lados, o compromisso reativou canais de diálogo que estavam interrompidos desde julho e levou Trump a determinar a revisão das tarifas.
Nas semanas seguintes, o ministro Mauro Vieira negociou diretamente com o secretário de Estado Marco Rubio em encontros no Canadá e em Washington. O Brasil propôs um cronograma de redução gradual das alíquotas e mecanismos de compensação comercial. Em novembro, os EUA anunciaram a retirada da sobretaxa de mais de 200 produtos brasileiros, embora parte do comércio bilateral ainda sofra restrições.
Ao final da ligação desta terça-feira, Lula e Trump combinaram manter contato próximo para acompanhar o progresso das negociações comerciais e de segurança.
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