Paralisação do governo americano inicia; saiba os efeitos

Impasse no Congresso leva a corte de serviços públicos e salários atrasados
Por: Brado Jornal 01.out.2025 às 10h26
Paralisação do governo americano inicia; saiba os efeitos
Foto: REUTERS/Kevin Mohatt
O impasse entre republicanos e democratas no Congresso americano resultou na paralisação parcial das operações federais, conhecida como shutdown, iniciando-se nesta quarta-feira (1º de outubro de 2025). A medida ocorre após o vencimento do prazo para renovar os fundos públicos, com o Senado barrando duas propostas rivais: uma do Partido Republicano, aprovada por 55 a 45 votos, e outra democrata, com 47 a 47 favoráveis e 53 contrários. Ambas precisavam de 60 apoios para passar, o que não aconteceu.

Esse tipo de interrupção remonta à legislação de 1884 que impede gastos além do aprovado pelo Legislativo. Todo ano, os parlamentares precisam sancionar 12 projetos de orçamento para cobrir despesas do Estado. Quando não há acordo, áreas sem alocação financeira param de atuar. Desde 1976, quando o calendário fiscal começou em 1º de outubro, o país registrou 21 casos semelhantes de corte parcial, como os de 1995 (21 dias, sob Bill Clinton, por brigas com Newt Gingrich sobre reduções orçamentárias) e 2013 (16 dias, sob Barack Obama, ligado a tentativas de mudar a Lei de Assistência Acessível). O recorde de duração foi entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, no mandato inicial de Donald Trump, quando o PIB caiu 0,1 ponto percentual no período, conforme dados do Congressional Budget Office (CBO).

A origem do atual bloqueio está na divergência partidária: a Câmara dos Representantes liberou uma prorrogação de despesas até novembro, mas no Senado, os republicanos – que controlam a maioria – dependem de pelo menos sete democratas para avançar. O lado conservador pressiona por cortes radicais em benefícios sociais e diminuição geral de verbas federais, alegando que o rombo nas contas públicas é incontrolável. Em contrapartida, os democratas insistem em reforçar orçamentos para saúde, ensino e obras de infraestrutura, alertando que as reduções afetariam famílias de baixa renda em massa. Agora, as lideranças dos dois partidos terão de barganhar um acordo revisado para destravar o impasse.

Pelo menos 13 órgãos federais sofrem com a medida, forçando a dispensa sem remuneração de grande parte dos servidores tidos como "não indispensáveis". Entidades como a Administração de Serviços Gerais (98% do quadro afastado), o Departamento de Educação (87%), o de Estado (61%) e o Pentágono (45% dos civis em risco de folga) enfrentam os maiores cortes. Donald Trump, presidente em exercício, defendeu o uso da crise para eliminar postos desnecessários, declarando na Casa Branca em 30 de setembro: “Estamos indo bem como país, então a última coisa que queremos é paralisá-lo, mas muitas coisas boas podem vir de paralisações. Podemos nos livrar de muitas coisas que não queremos”.

Entre os prejuízos imediatos, destacam-se a queda no ritmo econômico, com possível retração no PIB; demoras em análises regulatórias, contratos públicos e atendimento ao cidadão; instabilidade nos mercados, impulsionando investimentos em títulos do Tesouro e metais preciosos como o ouro. Serviços cotidianos também são atingidos, incluindo a expedição de vistos e passaportes, fiscalizações de alimentos pela FDA, monitoramento de epidemias, liberação de créditos para microempresas, e o funcionamento reduzido de parques nacionais. Programas de auxílio como o SNAP (suplemento alimentar) correm risco de esgotar recursos se o corte se estender. No entanto, setores vitais, a exemplo da defesa nacional, policiamento, aviação civil e cuidados médicos urgentes, prosseguem ininterruptos.

Relatos do New York Times indicam que o número de agências paralisadas pode subir para 13 ou mais, enquanto o site da deputada democrata Sarah Elfreth lista riscos adicionais, como entraves em processos do Medicare e Medicaid, e enxugamento de pessoal no Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS). Caso a paralisação dure semanas, analistas preveem demissões em escala, agravando o cenário econômico e social.


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