Wassef pediu assento escondido em avião para resgatar Rolex, diz PF

Advogado teria pedido para viajar com a “cabeça colada na fuselagem” de aeronave para evitar ser visto
Por: Brado Jornal 09.jul.2024 às 15h54
Wassef pediu assento escondido em avião para resgatar Rolex, diz PF
Sérgio Lima/Poder360 - 24.jun.2022

O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Frederick Wassef pediu um assento escondido no avião que o levou até Orlando, na Flórida, para resgatar o Rolex, presente saudita, supostamente desviado e vendido nos Estados Unidos por auxiliares de Bolsonaro.

“Eu quero ficar colado. Cabeça, minha cabeça colada na fuselagem, deu para entender? Ou seja, o banco, ele tem que estar deitado, com a cabeça apoiada no banco e na fuselagem, na parede do avião, olhando para a janelinha”, declarou Wassef em conversa com uma atendente da companhia aérea.

Wassef teria viajado para os EUA em 14 de março de 2023 e recomprado o Rolex para devolver ao TCU (Tribunal de Contas da União). O relógio integrava o chamado kit ouro branco, composto por outros objetos como: anel, par de abotoaduras e rosário islâmico.

O Rolex foi vendido à Precision Watches, em Willow Grove (Pensilvânia), juntamente com um Patek Philippe, pelo valor de US$ 68.000, em 13 de junho de 2022. O Patek Philippe não foi localizado pelos investigadores da PF.

CID E CÂMARA

Segundo a PF, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, teria excluído mensagens trocadas com Marcelo Câmara, ex-assessor, sobre o resgate das joias do kit ouro branco.

Os 2 ex-auxiliares de Bolsonaro tinham receio das implicações depois da repercussão do tema pela imprensa. “O problema é que essa matéria está falando que, se o TCU quiser ir lá, vai encontrar e não vai”, diz Câmara a Cid sobre uma possível auditoria da Corte de Contas no acervo do ex-presidente.

“Essa mensagem demonstra a preocupação que os investigados tinham, pois os bens de alto valor, ao contrário do que estava sendo dito, não estavam no Brasil”, diz a Polícia Federal.

ENTENDA O CASO

A investigação, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes no Supremo, apura o desvio de 3 kits de presentes luxuosos destinados ao então presidente Jair Bolsonaro por governos estrangeiros.

kit 1: uma escultura de árvore e outra de barco;

kit 2: conjunto de joias composto por abotoaduras, um terço, anel e relógio confeccionados em ouro rosê;

kit 3: conjunto de joias composto por um relógio Rolex, caneta da marca de luxo Chopard, par de abotoaduras, anel e rosário árabe.

O caso se deu depois de o TCU (Tribunal de Contas da União) determinar, em 2016, que todos os bens recebidos pelos chefes do Executivo devem ser incorporados ao patrimônio da União. A exceção são os bens de natureza personalíssima ou de consumo próprio –como alimentos, camisetas, perfumes, bonés, dentre outros.

Segundo relatório da PF, os itens foram vendidos a joalherias nos Estados Unidos por aliados do ex-presidente. A investigação afirma que o desvio ou a tentativa de desvio soma cerca de R$ 6,8 milhões.

Ao todo, Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas pelo esquema. Leia abaixo quem são e quais os crimes:

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro);

Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

Mauro Cesar Lorena Cid, general e pai de Mauro Cid (associação criminosa e lavagem de dinheiro);

Frederick Wassef, advogado (associação criminosa e lavagem de dinheiro);

Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia (associação criminosa e apropriação de bens públicos);

Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque (associação criminosa e apropriação de bens públicos);

Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal (associação criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação de bens públicos e advocacia administrativa);

Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

Osmar Crivelati, assessor de Bolsonaro (associação criminosa e lavagem de dinheiro);

Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro).

QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PASSOS?

1. a PGR vai analisar as provas colhidas pela PF em até 15 dias e decidir se vai arquivar o caso, pedir mais investigações ou denunciar os envolvidos –a lista de crimes pode mudar;

2. caso a PGR resolva denunciar os envolvidos, a denúncia será analisada pelo STF;

3. o STF, então, pode decidir se aceita a denúncia ou se arquiva o caso. Se escolher aceitar a denúncia, os envolvidos viram réus e responderão ação penal –podendo ser condenados ou absolvidos. O Supremo também pode mandar o caso para a 1ª Instância.



📲 Baixe agora o aplicativo oficial da BRADO
e receba os principais destaques do dia em primeira mão
O que estão dizendo

Deixe sua opinião!

Assine agora e comente nesta matéria com benefícos exclusivos.

Sem comentários

Seja o primeiro a comentar nesta matéria!

Carregar mais
Carregando...

Carregando...

Veja Também
Toffoli arquiva ação de improbidade administrativa contra Alckmin na Odebrecht
A ação tramitava na 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo e envolvia supostos repasses de caixa 2 da Odebrecht para a campanha de Alckmin em 2014, quando ele concorreu ao governo do estado de São Paulo
TRE-BA mantém inelegível candidato mais votado em Ruy Barbosa
Decisão unânime manteve sentença de primeiro grau. Entenda por que Bonifácio (MDB) teve candidatura indeferida
Em Camaçari, Diego Castro exibe algema em carreata de Flávio Matos e provoca candidato do PT
Durante o encontro, realizado no centro da cidade, Diego Castro fez uma provocação ao adversário ao exibir uma algema, remetendo ao histórico de Caetano com a Justiça
Dino suspende processos de combate ao fogo na Amazônia e no Pantanal
A decisão do ministro atende a pedido da Advocacia-Geral da União
"Não faz o menor sentido proibir ministros do STF no TSE", diz Gilmar
Ministro do STF criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe que membros da Suprema Corte façam parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Texto é de autoria do senador Márcio Bittar (União Brasil-AC)
Eduardo Bolsonaro assumirá cargo na direção do PL
O deputado federal será nomeado como Secretário de Relações Internacionais e de Relações Institucionais do Partido Liberal (PL)
Carregando..