O advogado Cezar Bitencourt, responsável pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid, rebateu as suspeitas do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) planejava fugir do Brasil. Em resposta contundente, Bitencourt afirmou que a viagem da família de Cid aos Estados Unidos não tem relação com o processo judicial enfrentado pelo militar e criticou a atuação da PGR. “O PGR que se dane. A vida de Cid segue, independentemente do processo”, declarou à Folha de S.Paulo, retratando-se posteriormente pela expressão usada.
Operação e suspeitas de fuga
A PGR solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão de Cid, alegando que a viagem de seus familiares a Los Angeles, no dia 30 de maio, para o aniversário de 15 anos de sua sobrinha, poderia indicar um plano de fuga. O pedido também citava a suposta tentativa do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, do governo Bolsonaro, de obter um passaporte português para Cid. Machado foi detido pela Polícia Federal em Recife, mas teve a prisão preventiva revogada na sexta-feira (13.jun.2025).
Na mesma data, agentes da PF chegaram à casa de Cid em Brasília com um mandado de prisão, que foi revogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, antes da execução. Cid compareceu à sede da PF por volta das 11h para prestar depoimento. A assessoria do STF confirmou que o militar não foi preso, sem fornecer mais detalhes.
Viagem familiar e cidadania portuguesa
A defesa de Cid esclareceu que a viagem da família – composta por sua esposa, filha, pais e sobrinha – foi motivada por uma celebração familiar e não tem ligação com o processo. Bitencourt destacou que parte da família de Cid reside nos EUA, incluindo seu irmão Daniel, que vive na Califórnia, e seu pai, que comandou o escritório da Apex em Miami entre 2019 e 2022. O advogado negou a existência de planos de fuga e afirmou que os familiares não têm data prevista para retornar ao Brasil, embora a Folha tenha apontado passagens de volta marcadas para 20 de junho.
Sobre a cidadania portuguesa de Cid, obtida em 2024 por meio de sua mãe, que é cidadã de Portugal, a defesa explicou que o documento serve apenas como identificação no país europeu, sem implicações para os processos judiciais no Brasil. “É um documento de identidade, válido apenas em Portugal, para acesso a serviços públicos e privados”, afirmou Bitencourt em petição ao STF.
Contexto do caso
Mauro Cid, que enfrenta investigações relacionadas ao governo Bolsonaro, está proibido de deixar o Brasil há mais de um ano e, segundo sua defesa, cumpre todas as condições processuais. A PGR, procurada pela reportagem, optou por não se manifestar. A postura combativa de Bitencourt reflete a tensão entre a defesa de Cid e as autoridades, em um caso que segue gerando desdobramentos no cenário político e judicial brasileiro.
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