A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conseguiu, após dificuldades, notificar Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, para prestar depoimento no dia 15 de setembro. O empresário Maurício Camisotti, apontado como figura central no esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários, também foi intimado e deverá comparecer no dia 18 de setembro.
Segundo o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a intimação de Antunes foi feita pela Polícia Legislativa após tentativas frustradas de contato com sua defesa. “Houve dificuldade da secretaria em encontrar. Por isso autorizei a polícia legislativa a fazer a intimação”, afirmou Viana. O vice-presidente da comissão, deputado Duarte Júnior (PSB-MA), confirmou que ambos os investigados já têm datas marcadas para os depoimentos: “Eles foram intimados e já foi marcada a audiência com cada um deles.”
Antunes é acusado de atuar como lobista, intermediando credenciamentos de associações suspeitas e facilitando descontos irregulares em aposentadorias e pensões. Quebras de sigilo bancário revelaram que ele e suas empresas realizaram pagamentos a familiares de ex-dirigentes do INSS, recebendo 27,5% de cada desconto obtido para o esquema. Já Camisotti é investigado por controlar três entidades que, desde 2021, arrecadaram mais de R$ 1 bilhão por meio de descontos fraudulentos, utilizando laranjas para ocultar suas operações.
A CPMI aprovou, no dia 1º de setembro, um pedido de prisão preventiva de 21 suspeitos, incluindo Antunes, Camisotti, o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e o ex-procurador Virgílio Oliveira Filho. O requerimento, apresentado pelo relator Alfredo Gaspar (União-AL), foi aprovado por unanimidade e encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro André Mendonça decidirá sobre as prisões. Gaspar justificou a medida: “Nós estamos com indícios suficientes de autoria, com prova da materialidade dos crimes.”
A comissão também intensificou o rastreamento de Antunes, solicitando registros de suas visitas ao Senado desde 2011 e à Câmara dos Deputados a partir de 2015, além de imagens de câmeras de segurança do Congresso. A investigação abrange o período de 2019 a 2025, com foco em identificar contatos e autoridades ligadas ao lobista. O esquema, revelado pela Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), teria desviado bilhões de reais de aposentados e pensionistas por meio de mensalidades associativas cobradas ilegalmente.
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