Antonio Carlos Camilo Antunes, chamado de “Careca do INSS”, prestou depoimento nesta quinta-feira (25) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura descontos irregulares em benefícios previdenciários. Em sua fala, ele negou qualquer envolvimento com o governo ou com o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), e rejeitou o apelido que o tornou conhecido. “Induziram pessoas de bem, veículos de comunicação respeitados, profissionais de imprensa e toda a sociedade a acreditarem em uma narrativa fantasiosa”, afirmou.
Negações e ausência de nomes políticos
A CPI aguardava o depoimento de Antunes com grande expectativa, na esperança de que ele revelasse nomes de políticos envolvidos ou que acobertassem o suposto esquema de fraudes em aposentadorias. No entanto, o lobista negou irregularidades e afirmou não ter relações com o setor público. “Não tenho qualquer relação com o governo em nenhuma de suas esferas, federal, estadual ou municipal. Jamais foi objetivo da minha atuação empresarial estabelecer parcerias com o setor público”, declarou. Ele também negou conhecer Lupi: “Eu não conheço o ministro Lupi”.
Questionado sobre sua relação com o senador Weverton Rocha (PDT), alvo central da CPI devido a citações de pessoas próximas a ele nas investigações, Antunes admitiu ter participado de um churrasco na casa do senador, onde discutiu a regulação de derivados de cannabis, sem relação com os descontos em benefícios. Ele também confirmou visitas ao gabinete de Weverton, mas disse que conversou apenas com Adroaldo Cunha Portal, então funcionário do senador e hoje secretário-executivo do Ministério da Previdência, também sobre o mercado de cannabis.
Sobre conexões políticas mais amplas, Antunes foi categórico: “Não existe essa rede de relacionamento minha com parlamentares quais quer que sejam”. A CPI, no entanto, enfrenta dificuldades para acessar a lista de visitantes aos gabinetes do Senado, já que o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) colocou as informações sob sigilo.
Acusações de fraudes e movimentações financeiras
Investigações da Polícia Federal apontam Antunes como peça central de um esquema de descontos irregulares em aposentadorias, ao lado de Maurício Camisotti, suposto sócio oculto de uma entidade beneficiada. Segundo os investigadores, empresas ligadas a Antunes receberam R$ 53,58 milhões de entidades associativas e intermediárias. Desse montante, R$ 9,32 milhões teriam sido repassados a servidores e empresas ligadas à cúpula do INSS. Um depoimento de Rubens Oliveira, identificado como intermediário, revelou que firmas de Antunes transferiram R$ 6,8 milhões a empresas de altos funcionários do INSS também investigados.
Antunes negou envolvimento direto nas fraudes, afirmando que apenas prestava serviços às entidades investigadas, sem prospectar clientes ou gerenciar descontos. “Não sou responsável, nunca fui, não tenho expertise para esse lado da bandidagem”, disse. Ele acrescentou: “Jamais fui responsável pelo recrutamento de associados, tampouco exerci qualquer ingerência sobre a inserção de dados no sistema do INSS. Todos os serviços contratados pelas associações tinham como destinatário final o próprio associado aposentado, beneficiário direto das atividades desempenhadas”.
O lobista também rejeitou ter tentado obstruir as investigações, motivo alegado para sua prisão preventiva. Relatórios apontam ainda que Antunes adquiriu salas comerciais, pagando R$ 700 mil via Pix, e omitiu a declaração de imóveis comprados por meio de uma empresa offshore.
A CPI segue buscando esclarecimentos sobre o esquema, mas as negativas de Antunes e o sigilo imposto por Alcolumbre dificultam o avanço das investigações.
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