Donald Trump, pressionado pela insatisfação crescente com o poder de compra nos Estados Unidos, sinalizou reduções em tarifas de importação, incluindo as aplicadas ao café brasileiro. O tema “affordability” – equivalente ao custo de vida ou capacidade de consumo – domina discursos políticos, reportagens e conversas cotidianas entre americanos, de elevadores a bares.
Na terça-feira (11), o presidente republicano anunciou à Fox News planos para importar mais café e cortar tarifas, prometendo soluções “rápidas e fáceis”. No dia seguinte, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou à mesma emissora que “anúncios substanciais” virão em breve para baratear itens como bananas e café, itens não produzidos localmente. “O povo americano começará a se sentir melhor”, garantiu.
As tarifas impostas por Trump – 50% sobre o Brasil, 20% sobre o Vietnã e 10% sobre a Colômbia, os três maiores exportadores de café aos EUA – somadas a condições climáticas adversas, elevaram os preços ao consumidor em cerca de 20% no último ano. A combinação agravou a percepção de crise econômica.
Uma pesquisa da CNN divulgada na semana passada mostrou que 61% dos americanos consideram as políticas de Trump responsáveis por piorar a economia – percentual superior aos 50-55% registrados na maior parte do governo Biden, que chegou no máximo a 58%.
O assunto ganhou destaque nas eleições recentes em Nova York, Nova Jersey e Virgínia, e foi central no shutdown mais longo da história americana. Após anos criticando democratas pela inflação, os eleitores agora direcionam a frustração aos republicanos no poder.
Embora circulem hipóteses sobre diplomacia brasileira, lobby empresarial e arrefecimento de tensões políticas após a condenação de Jair Bolsonaro (PL), a única motivação explicitada por Trump é doméstica: preservar sua imagem como gestor econômico eficiente.
Nesta quinta-feira (13), o chanceler Mauro Vieira se reunirá com o secretário de Estado, Marco Rubio, em Washington, em meio ao debate sobre como o governo republicano lidará com o alto custo de vida. A abertura para negociar com o Brasil reflete a urgência de Trump em não desperdiçar seu principal trunfo político: a economia.
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