Memórias de uma ex-repórter policial

Por: Helga Cirino 29.set.2023 às 13h52
Memórias de uma ex-repórter policial

Todo baiano com mais de 40 anos sabe, no seu íntimo, o motivo do nosso Estado ostentar o triste título de mais violento do território nacional. E eu pretendo fazer você, leitor, refletir sobre isso. Eu, que comecei minha carreira como repórter policial lá na primeira década dos anos 2000, posso dizer que só caminhamos para trás em todos os aspectos. Testemunhei de camarote quase toda mudança maléfica que a Bahia foi obrigada a passar para hoje ostentar a triste chaga de a unidade da federação com maior índices absolutos de homicídios; vice líder em latrocínios e outras coisinhas mais que não me orgulho em destacar, enquanto baiana que o sou. 

E não sou eu quem está dizendo, minha gente. São dados consagrados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2023), que faço a pausa no raciocínio para citar. Se assim não o fizesse meus mentores do jornalismo, com quem tive o prazer de compartilhar momentos áureos nos periódicos Tribuna da Bahia, Correio da Bahia e Jornal A Tarde, alguns já não mais conosco em vida, estariam voltando para me dar uns merecidos cascudos.

Bem, em 2022, a Bahia foi cenário para 6.659 homicídios (Mortes Violentas Intencionais), conforme a pesquisa. Mas os números são só números frios se não houver nada para comparar. Deixa eu dar uma dimensão melhor. O Rio de Janeiro e toda sua fama de tráfico, mortes e outros tipos de violências, no mesmo período, em 2022, foi palco de 67,35% (4.485 homicídios) do total registrado na Bahia.

A realidade não é de hoje. Estes índices se repetiram na Bahia ao longo dos últimos quase 12 anos. A pesquisa utiliza como marco temporal o ano de 2011, então, usemos o que temos. Dizer que o período (de 2011 a 2022) foi de governo, em sua integralidade, do PT creio que seja um detalhe a se destacar. De lá para cá, não conseguimos reduzir a marca de, em média, 6 mil mortes anuais (2011 - 6051; 2012 - 6.530; 2013 - 6.026; 2014 - 6.366; 2015 - 6.273 ; 2017 - 6.979; 2018 - 6.348; 2019 - 6.002; 2020 - 6.696; 2022 - 6.659.

Destaque negativo para os anos de 2016 e 2021, ambos governos de Rui Costa, hoje excelentíssimo ministro da Casa Civil, quando a Bahia superou os mais de 7 mil homicídios, respectivamente 7.091 e 7.069 mortes violentas intencionais, conforme nomenclatura da pesquisa.

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