Rússia intensifica ataques antes de decisão da UE sobre a entrada da Ucrânia no bloco

O Kremlin ampliou os ataques contra as regiões de Kharkiv e Donetsk, no nordeste e leste da Ucrânia, e bloqueou as exportações de cereais e grãos ucranianos às vésperas da decisão dos 27 países da União Europeia a respeito da candidatura de Kiev ao bloco
Por: Brado Jornal 20.jun.2022 às 14h25
Rússia intensifica ataques antes de decisão da UE sobre a entrada da Ucrânia no bloco
Bernadett Szabo

A Rússia intensificou nesta segunda-feira, 20, os ataques contra as regiões de Kharkiv e Donetsk, no nordeste e leste da Ucrânia, poucos dias antes de os 27 países da União Europeia (UE) discutirem a candidatura de Kiev ao bloco. No início de uma semana de intensa atividade em torno da candidatura da Ucrânia ao bloco europeu, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou que a Rússia está cometendo um “verdadeiro crime de guerra” ao bloquear as exportações de cereais e grãos ucranianos. Em um momento de crescentes temores pelas consequências da invasão nos preços dos alimentos, a Alemanha organiza na sexta-feira uma reunião internacional sobre o assunto, que contará com a participação do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.

A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, pediu à Rússia que “pare de brincar com a fome no mundo”. Nesta segunda-feira, “começa uma semana realmente histórica”, afirmou Volodymyr Zelensky no domingo, 19, em seu discurso diário. Os 27 países da UE se reúnem na quinta e sexta-feira para decidir se o país pode receber o status de candidato, decisão que deve ser tomada por unanimidade. “Obviamente esperamos que a Rússia intensifique seus ataques esta semana”, alertou o presidente ucraniano. “Nosso exército resiste”, afirmou. Em seu relatório matinal, a Presidência da Ucrânia informou que há um aumento dos bombardeios na região de Kharkiv e um aumento dos ataques “em toda a linha do front” em Donetsk, no leste, onde foi registrado um morto e sete feridos.

No Donbass, a cidade de Severodonetsk concentrou a ofensiva para assumir toda esta bacia de mineração oriental, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014. “Os russos controlam a maioria dos bairros residenciais” de Severodonetsk, mas “se você contar toda a cidade, mais de um terço ainda é controlado por nossas forças armadas”, disse o chefe da administração municipal, Oleksandr Striuk. Serguii Gaidai, governador de Luhansk, uma das regiões que compõem o Donbass, confirmou na televisão a queda no controle russo de Metiolkiné, na periferia de Severodonetsk.

No front sul, o exército ucraniano afirma que as forças russas “não conseguem avançar no terreno” e apenas continuam com os bombardeios. O ministério da Defesa da Rússia informou que utilizou mísseis de cruzeiro para atacar uma fábrica em Mykolaiv e destruiu “dez morteiros de 155 mm e até 20 veículos blindados fornecidos ao regime de Kiev pelo Ocidente nos últimos dez dias”. Mykolaiv é uma cidade portuária e industrial, onde moravam meio milhão de pessoas antes da guerra. A localidade é alvo dos ataques russos porque fica na rota para Odessa, o principal porto da Ucrânia.

Por sua vez, a Rússia acusou as forças ucranianas de terem atacado plataformas de perfuração de petróleo no mar da península da Crimeia. Contra a UE, a Rússia usa seus hidrocarbonetos como arma e cortou o fluxo de gás para vários países na semana passada. Em contraste, as importações russas de petróleo para a China aumentaram 55% em maio, em comparação com o ano passado. Em uma tentativa de reduzir a dependência da Rússia e para reduzir o consumo de gás, a Alemanha recorrerá às usinas de carvão. “É amargo, mas é indispensável”, disse o ministro da Economia, o ambientalista Robert Habeck. O governo, no entanto, disse nesta segunda-feira que essa medida é “limitada” e que a promessa de abandonar o carvão antes de 2030 será cumprida. A Áustria também anunciou no fim de semana a reativação de uma usina de carvão fechada em 2020. As sanções adotadas contra Moscou também envolveram restrições ao trânsito pela Lituânia até o enclave de Kaliningrado, que a diplomacia russa descreveu como “abertamente hostis”.



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